O analista de redes e infraestrutura Saulo Monge Joaquim terá um compromisso importante nesse domingo (14), Dia dos Pais. Sua tarefa será abraçar, brincar e se divertir muito com a filha Alicia, de 1 ano e dez meses. Mais do que um compromisso de família, o momento será especial para ele. Afinal, celebrar esse dia com a filha representa a superação de um caminho tortuoso, que envolveu desespero, perda e depressão. “Agora será um dia mágico”, define.
Saulo, de 41 anos, é um daqueles pais cuja sensação de vitória se resume a um ato de renascimento. “Minha filha é um porto seguro para mim”, declara ele, que no dia 2 de maio de 2019, um ano e cinco meses antes do nascimento da Alicia, viu o barco afundar. A morte da primeira filha com apenas 2 anos de idade desestruturou sua vida. “Eu tinha um quadro de depressão que se agravou com a perda dela”, lembra.

Junto da esposa Pâmella, Saulo batalhou pela sobrevivência de Yasmim desde o seu nascimento. “Ela tinha um problema grave de saúde”, relata, lembrando dos momentos difíceis da família e da criança, que chegou a ter uma parada cardiorrespiratória por cerca de 20 minutos e sequelas neurológicas. “Foram vários tratamentos em busca da recuperação, mas ela veio a falecer”, lamenta.
A dor da perda se somou ao medo, que veio com a nova gravidez de Pamella, em fevereiro de 2020. “Ficou a dúvida se a criança também poderia nascer com algum problema, mas, para nossa felicidade, a Alicia veio saudável”, conta.
“Hoje, nos meus dias ruins, tudo melhora quando chego em casa e vejo o rostinho dela. É uma coisa maravilhosa vê-la correndo para me abraçar e chamando ‘papai, papai’. Poder presenciar o desenvolvimento da criança, com a descoberta de uma palavra nova, um gesto novo, é lindo demais.”
Neste domingo Saulo celebrará pela segunda vez o Dia dos Pais junto da Alicia. “No ano passado, foi maravilhoso, mas ela era muito pequena ainda. Já, neste ano, vai ter uma festa na escolinha e quero fazer tudo que tenho direito: brincar, interagir com ela nos brinquedos. E depois vamos ter um churrasco em família também. Quero curtir ao máximo.”

Ser pai em meio à dor e incertezas também foi uma experiência vivida pelo autônomo Ailton Jonas Delucca Jr.. Quando sua filha Dandara nasceu, há 35 anos, ele alimentava uma mágoa do próprio pai, e seu desafio foi não deixar esse sentimento interferir na relação com a filha.
“Queria ser um pai diferente”, conta Ailton, que hoje, aos 51 anos, celebra o dia com o coração em paz ao lado de três filhos e três netos, depois de ter se reconciliado com o pai, hoje já falecido.
“Carreguei essa mágoa desde os 11 anos de idade, quando meu pai se separou da minha mãe. Foram quase 20 anos de afastamento, quando decidi ir ao encontro dele exatamente no Dia dos Pais. Na sala da casa dele, em Araras, lhe entreguei uma jaqueta jeans de presente e nos reconciliamos. Foi como tirar um peso das minhas costas”, lembra.
Cerca de um ano depois, Ailton teve câncer e conta que a doença conduziu seu pai à fé. “Ele começou a frequentar a igreja, principalmente para pedir por mim, e fui curado”, conta Ailton, cujo pai morreu aos 76 anos, em março do ano passado. “Queria ter meu pai comigo. E, enquanto foi possível, ele esteve aqui como um grande amigo.”