Um novo estudo revela que a Terra teve o trimestre mais quente já registrado. As temperaturas da superfície do mar não têm precedentes e as condições climáticas foram bastante extremas.
O relatório lançado esta quarta-feira pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o Serviço de Alterações Climáticas Copérnico confirma a piora da intensidade das alterações climáticas e a frequência das ondas de calor.
A realidade das ondas de calor extremo, agravadas por incêndios florestais e pela poeira do deserto, têm um impacto mensurável na qualidade do ar, na saúde humana e no ambiente.
“Já se antevia. Este balanço que fazemos agora, no final do verão climatológico, que foi o mais quente que há registro já se esperava depois de um julho extremamente quente, o mais quente desde que há registro. E o mês de agosto foi o segundo mais quente e o agosto mais quente desde que há registro. Este balanço leva-nos a refletir e, sobretudo, a querer mais do ponto de vista da ação climática e de redução dos gases com efeito de estufa. Só com um aumento desta ambição, do ponto de vista de mitigação dos gases de efeito estufa, é que será possível atenuar e depois contrariar esta tendência crescente de aumento da temperatura global”, afirma o climatologista Álvaro Silva, de Lisboa, sobre o quadro atual, que considera ainda ser possível de ser revertido.
Os cientistas envolvidos na pesquisa fizeram uma avaliação coletiva das tendências globais recentes e do que pode ser esperado, observando o aquecimento em toda a bacia oceânica e um aumento nas ondas de calor marinhas.
Pela pesquisa, a extensão do gelo marinho da Antártica permanece num nível recorde para esta época do ano. O mês passado foi cerca de 1,5°C mais quente do que a média pré-industrial entre 1850 e 1900. O período entre janeiro e agosto deste ano é o segundo mais quente já registrado a seguir a 2016, após um intenso aquecimento causado pelo fenômeno El Niño.
Em todo o mês de agosto, ocorreram as mais altas temperaturas médias globais mensais da superfície do mar registadas, com 20,98°C. As temperaturas de todos os 30 dias do período superaram o recorde anterior, registrado em março de 2016.
Em nota, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que o planeta acaba de passar pelo verão mais quente já registrado e que o “colapso climático” começou. Para o líder da organização, ainda é possível evitar o pior do caos climático e não há tempo a perder.
Em relação à extensão do gelo marinho da Antártida manteve-se num nível recorde baixo para esta época do ano, com um valor mensal 12% abaixo da média.
O dado é de longe a maior anomalia negativa para agosto desde que as observações por satélite começaram no final da década de 1970.
A extensão do gelo marinho do Ártico ficou 10% abaixo da média, mas bem acima do mínimo recorde de agosto de 2012.
Em maio, um relatório da OMM e do Met Office do Reino Unido apontava para 98% de probabilidade de que pelo menos um dos próximos cinco anos seja o mais quente já registrado.
(ONU News)