A animosidade da política no segundo turno das eleições presidenciais, com o País polarizado, invadiu o ambiente familiar. Amigos e até parentes têm se policiado para não azedar as relações. Outros núcleos, porém, já se dividiram há muito tempo. A base dessa cisão é o fundamentalismo que não deixa o diálogo prosperar. As fake news têm influência direta nisso.
Como tem mostrado o Hora Campinas, religião e política se misturaram de forma simbiótica nesta reta final da campanha, gerando atritos e reações também dentro e fora dos templos. A agressividade, muito comum nas redes sociais, agora se dá de forma real nos ambientes sagrados.
Para avaliar esse ambiente de grande tensão, o Hora ouviu o professor da PUC-Campinas Vitor Barletta Machado. Ele leciona Ciência Política e Opinião Pública na universidade. O analista tem sido procurado por veículos de comunicação da cidade para ajudar a entender o momento de dilaceração. O Hora conduziu uma live com ele logo depois do primeiro turno.
Agora, no segundo turno, a mistura política-religião entrou definitivamente em campo.
Mas o docente ressalta que esse movimento já é anterior a também tensa eleição de 2018, quando o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) superou o petista Fernando Haddad. “A exploração da fé está acontecendo o tempo inteiro. Já foi assim em 2018. É um processo que se iniciou, inclusive, antes de 2018”, pontua o professor.
“Isso é um longo movimento de utilização política das igrejas e das religiões, que faz parte de uma estratégia ideológica. Não é meramente ocasional”, complementa.
Para o professor, essa guerra santa é uma “recriação” e uma “reinterpretação” dos valores religiosos. Como exemplo, ele cita uma ideia difundida por determinados segmentos da sociedade que afirmam que “Jesus Cristo andaria armado nos dias de hoje e apoiaria o uso de armas”. O analista vê essa radicalização agora em razão da apertada diferença entre Bolsonaro e o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.
No seu entendimento, a base dessa guerra santa é o interesse em disseminar o medo nos eleitores e forçar uma mudança de voto entre aqueles que não estão ainda tão convencidos de sua escolha. Além, obviamente, de convencer os indecisos.
VEJA ABAIXO A ENTREVISTA COM O PROFESSOR

Hora Campinas: Por que a exploração da fé entrou na campanha de forma agressiva neste segundo turno?
Hora Campinas: Você acha que a religião terá peso decisivo no segundo turno, a ponto de definir a vitória de um dos candidatos à presidência da República?











