Após dez dias, chegou ao fim nesta sexta-feira (10) o julgamento de quatro réus acusados por 242 mortes e 636 feridos no incêndio da Boate Kiss, que ocorreu em 27 de janeiro de 2013. Os sócios da Boate Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e Mauro Londero Hoffmann, o vocalista da Banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, e o produtor musical Luciano Bonilha Leão foram condenados. Os quatro poderão recorrer do tempo de condenação em liberdade.
O júri, composto por seis homens e uma mulher, acompanhou os depoimentos de 12 vítimas, 16 testemunhas e um informante. O caso, com mais de 19 mil páginas, é o maior e o mais longo da Justiça do Rio Grande do Sul. O Ministério Público pedia a condenação de todos os acusados por homicídio doloso (quando há intenção de matar).
O sócio Elissandro foi condenado a 22 anos e 6 meses anos de reclusão, enquanto Mauro, também sócio da boate, a 19 anos e 6 meses. Marcelo e Luciano receberam condenação de 18 anos.
Após a deliberação do júri, o juiz Orlando Faccini Neto leu o veredito. “A sentença é longa, é pública, mas não vou ler inteira. A culpabilidade dos réus é elevada, mesmo em dolo eventual. Este muito (tempo de vida) não foi retirado por obra do acaso”, afirmou.
A tragédia começou no palco, durante apresentação da banda Gurizada Fandangueira na Boate Kiss, em Santa Maria (RS). Após um show pirotécnico, Marcelo de Jesus dos Santos disparou um artefato, que atingiu o teto da boate e as chamas logo se alastraram. A fumaça tóxica se espalhou pelo local. De acordo com laudo da perícia, e relatos de sobreviventes, não havia ventilação adequada na boate ou extintores de incêndio apropriados no local.