Nos últimos dias, conversei com a Gracia Arnosti, profissional que admiro pela clareza com que interpreta comportamento, liderança e relações no ambiente corporativo. Perguntei a ela qual conselho daria para quem deseja construir presença executiva. A resposta foi imediata e precisa: presença executiva não tem a ver apenas com postura ou jeito de falar, mas com consciência. Consciência de quem você é, do impacto que causa e de como quer ser lembrado.
Esse ponto, embora simples, toca diretamente a realidade de muitos líderes que acompanho em processos de desenvolvimento. Pessoas extremamente competentes tecnicamente, mas que ainda não compreenderam que, a partir de determinado nível, não basta entregar resultados. É preciso transmitir consistência. E essa consistência nasce da coerência entre discurso, comportamento e propósito. No ambiente corporativo, somos avaliados o tempo todo, dentro e fora das reuniões, nas interações formais e informais, na maneira como escrevemos um e-mail, participamos de uma discussão difícil ou conduzimos uma conversa cotidiana com pares e liderados.
Construir presença executiva não é interpretar um papel; é alinhar quem você é com o que você comunica.
A base dessa presença, como reforçou a Gracia, é o autoconhecimento. Entender seus pontos fortes, seus gatilhos e as habilidades que ainda precisam ser desenvolvidas é o que permite ocupar espaços com naturalidade. Quando o líder não tem essa clareza, tende a repetir modelos prontos: fala como acredita que um executivo deveria falar, age como imagina que os outros esperam que ele aja. Mas quem vive interpretando um personagem não sustenta credibilidade por muito tempo. As pessoas percebem quando há autenticidade, e quando há esforço em parecer algo.
A coerência é o segundo pilar. Não há presença executiva sem consistência entre intenção e comportamento. Não adianta ter um discurso bonito sobre colaboração se, no dia a dia, você age de forma defensiva ou competitiva. Da mesma forma, não adianta falar sobre visão estratégica se você opera o tempo todo no nível da execução.
Presença executiva se constrói no cotidiano: na forma como você toma decisões, prioriza, direciona o time, se relaciona com outras áreas e traduz problemas complexos em movimentos claros. Reputação é consequência de pequenos gestos repetidos, não de apresentações pontuais.
Outro ponto essencial, destacado pela Gracia, é a capacidade de se adaptar sem perder a essência. Líderes de alta performance entendem que cada ambiente exige uma energia diferente: há momentos que pedem firmeza, outros que pedem leveza. Há conversas que exigem uma posição mais técnica e outras que pedem visão de negócio. A habilidade de transitar por esses contextos, mantendo autenticidade e clareza, é o que chamamos de inteligência relacional, e hoje, talvez mais do que nunca, ela pesa mais do que especializações técnicas isoladas.
E existe um aspecto muitas vezes negligenciado: a presença emocional. Estar inteiro nas conversas, olhar nos olhos, escutar com atenção genuína e dar respostas ponderadas em vez de reativas. Em um mundo acelerado, onde distração virou norma, líderes que realmente se fazem presentes criam conexões mais fortes, inspiram confiança e naturalmente assumem uma posição de autoridade, sem esforço e sem imposição.
Presença executiva, portanto, não é dominar a sala, mas saber influenciar a percepção das pessoas de maneira consistente e construtiva.
É sobre causar o impacto certo, de forma natural. É sobre ser lembrado pela forma como você entrega resultados e pelo modo como conduz processos, pessoas e relações. É uma construção contínua, e quanto mais cedo o líder entende isso, mais preparado está para navegar as transições da carreira.
Para muitos, desenvolver essa consciência não é simples. E é exatamente por isso que programas estruturados de gestão de carreiras se tornam fundamentais. Eles oferecem espaço seguro e metodologia para revisar comportamentos, aperfeiçoar comunicação, fortalecer imagem profissional e criar um posicionamento alinhado às expectativas de cargos de liderança. Mais do que preparar para uma entrevista ou apresentação, esses programas ajudam o líder a consolidar uma identidade executiva, aquela que se sustenta dentro e fora da empresa.
Presença executiva não é sobre saber tudo, nem sobre se mostrar perfeito. É sobre maturidade, clareza e coerência.
É sobre assumir a responsabilidade pela própria narrativa e entender que, no fim, o que diferencia grandes líderes não são apenas resultados, mas a forma como eles acontecem.
Quando discurso, comportamento e propósito caminham juntos, a liderança deixa de ser desejada e passa a ser natural. E é isso que o mercado reconhece, valoriza e promove.
Karine Camuci é fundadora da Você Empregado, empresa que tem dois importantes compromissos: preparar os profissionais para conseguirem um novo emprego, atuando desde o reconhecimento de competências individuais até a aprovação em processos seletivos; e auxiliar empresas no tocante à responsabilidade social após desligamentos de funcionários e no suporte em processos de headhunting, visando a contratação de novos colaboradores.
Minibio da convidada: Gracia Arnosti é Educadora Executiva especializada em Liderança, Gestão de Marca Pessoal e Profissional e Presença Executiva. Atua com treinamentos, palestras, mentoria, coaching e consultoria de performance comercial, ajudando líderes a desenvolverem clareza, coerência e impacto em suas carreiras.











