A vida da cuidadora de idosos Severina Maria da Costa, de 68 anos, que mora em Cassilândia, no leste do Mato Grosso do Sul, a levou por caminhos sinuosos, mas sempre guiados pelo amor. Embora a paixão fosse o norte de sua vida, esses mesmos caminhos a distanciaram dos filhos e dos irmãos. Agora, com o apoio de um desses filhos, ela tenta retomar a estrada que possa levá-la de volta ao coração da família, que começou em Campinas.
Severina morava em Campinas na década de 1970. Era casada com Benedito Luiz Ferreira Neris, com quem teve um filho, chamado Edson Luiz Ferreira Neris da Costa, que deve ter entre 45 e 50 anos de idade atualmente.
Quem tenta puxar o fio dessa trama é o servente de pedreiro Paulo Henrique da Costa, de 29 anos, filho caçula de Severina, que mora em Água Clara, também no Mato Grosso do Sul. “Meu pai, José Francisco de Oliveira Filho, era carreteiro. Minha mãe o conheceu aí em Campinas e se apaixonou. Ela deixou o marido, o filho que eles tinham, que é o Edson, e foi embora com meu pai. Eles rodaram o país”, conta.

Além do ex-marido e do filho Edson, Severina deixou para trás oito irmãos quando foi embora de Campinas, em 1974. São eles: Sonia Maria da Costa, Creusa Maria da Costa, Sueli Maria da Costa, Maria do Carmo da Costa, Elza Maria da Costa, Valda Maria da Costa, Edileuza Maria da Costa e Samuel Francisco da Costa. Os pais de Severina e dos irmãos são Manoel Francisco e Celina da Costa.
Depois que saiu de Campinas, Severina perdeu completamente o contato com os familiares. “Ela quer encontrar os parentes que deixou em Campinas antes de morrer, principalmente, meu irmão Edson. Ela quer pedir perdão a ele por ter abandonado”, explica Paulo.
Aliás, Paulo foi o primeiro a exercitar o perdão, já que também foi abandonado quando tinha apenas um ano de vida. “Minha mãe teve cinco filhos com meu pai. Eu sou o mais novo. Só conheci minha mãe quando eu tinha 24 anos, cinco anos atrás. Quando eu tinha 1 ano ela abandonou meu pai e foi embora com outro homem para Costa Rica, também no Mato Grosso do Sul, mas não teve filhos com ele”, revela.
Foi ele que depois de adulto conseguiu encontrar a mãe. “Eu sempre quis conhecê-la. Sempre procurei. Um dia joguei o nome dela na internet e apareceu que ela também estava procurando a gente. Foi o pessoal da Secretaria de Saúde lá de Cassilândia que ajudou ela a postar na internet”, diz.
Mas a aproximação, mesmo por telefone, não foi fácil. “Ela é muito desconfiada. Quando a localizei deu muito trabalho para ela acreditar que era eu. Ela achava que era golpe porque as informações tinham saído na internet. Eu tive de contar a história da família, falar os nomes, deu trabalho”, conta, rindo.
“Ela é muito desconfiada. Quando a localizei deu muito trabalho para ela acreditar que era eu”, conta Paulo Henrique da Costa
“Desde então, ela me pede ajuda para encontrar meu irmão Edson e os parentes. Ela não quer morrer sem encontrar esse filho e pedir perdão”, explica.
Desde que Paulo a encontrou, mãe e filhos têm se reaproximado, ainda que pouco mais de três horas de distância os separem. “Hoje, a gente mais se fala do que se vê, porque é longe para ir de ônibus sempre. Mas o plano é que eu e um dos meus irmãos nos mudemos para Costa Rica, que fica mais perto de Cassilândia e é melhor de emprego, e minha mãe também quer mudar para lá, assim a gente fica mais perto”, diz.
Aproximação é uma palavra que faz parte da história de Paulo. Quando os pais saíram de Campinas, o pai dele, José Francisco de Oliveira filho, também se distanciou e perdeu contato da família. Mas esses laços já foram refeitos pelo empenho de Paulo. “Meu pai deixou irmãos e irmãs, sobrinhos, mas eu consegui encontrar os parentes dele um ano antes de ele falecer, em abril de 2019. Agora só falta a família do lado da minha mãe. Desse lado eu não conheço ninguém”, explica.
Se algum dos parentes ou alguém que os conheça tiver acesso à essa reportagem pode entrar em contato com Paulo no telefone (62) 99804-3786.