Ontem (20), às 17h51, o inverno começou. Aqui em Campinas, a cidade onde moro, o frio ainda não deu sinais de chegar. Só me dei conta de que o outono estava indo embora quando, ao caminhar pelo bairro, senti as flores do ipê-roxo (que mais parece rosa) caírem sobre meus ombros. O chão já estava forrado, parecendo um tapete florido.
Resolvi interromper a caminhada e sentar por cinco minutos no banco da praça para apreciar o recado que a natureza insistia em passar: “É tempo de descansar para ressurgir viçosa na primavera.” Afinal, em poucos dias, as árvores floridas de ipês estarão sem flores e folhas, mas logo as sementes vão se preparar para germinar.

Nesta época do ano, muitas ruas e avenidas de Campinas ganham um colorido de um espetáculo natural que se repete todos os anos. A florada dos ipês na cidade começa com o roxo, e o mix de cores passa pelo amarelo, branco e rosa. Até setembro e meados de outubro teremos oportunidades de nos encantarmos com as floradas e ipês.
Os ipês que enfeitam a cidade nesta época do ano são símbolos de beleza e resistência. É difícil passarem despercebidos, eu por exemplo adoro parar e fotografar.
Descobri que, em épocas de muita seca, os ipês entram num mecanismo de defesa que estimula a produção de flores, para que depois venham as sementes. Isso ajuda a garantir a reprodução da espécie. Vale lembrar que as árvores de ipês não se dão bem em períodos de muita chuva.
Os cinco minutos que passei sentada no banco da praça para apreciar a beleza do ipê-roxo me fizeram pensar que, assim como o ciclo da árvore, também temos nosso tempo de florir, tempo de recolher, tempo de renovar e tempo de esperar.
Quem ainda não teve a oportunidade de apreciar esse espetáculo da natureza na cidade, ainda há tempo.
Caso fotografe uma árvore de ipê-roxo por aí, compartilhe conosco pelo e-mail katia.camargo@horacampinas.com.br. Aproveita para contar onde fica, quem sabe vai atrair o olhar de outras pessoas.
Kátia Camargo é jornalista e separou um trecho de um texto de Rubem Alves onde ele fala dos ipês amarelos, mas que ela tem certeza que se estende a todos os outros ipês:
Ipês Amarelos, Rubem Alves
“Os ipês amarelos são como a felicidade: fulguram em nós por um instante e logo se vão, deixando a lembrança da sua beleza. Mas esse instante é suficiente para iluminar a alma e renovar a esperança. Assim como a árvore que se desnuda para florescer, precisamos aprender a nos despir das nossas certezas para nos abrir ao novo, ao belo, ao inesperado.”















