A Rússia disse nesta terça-feira que não “recuaria” perante as ameaças de sanções dos EUA relativamente às tensões na Ucrânia, marcando assim o tom antes de uma conversa telefônica chave entre Moscou e Washington. “É Washington, e não Moscou, que está alimentando as tensões. Não vamos recuar e ficar atentos às ameaças de sanções dos EUA”, escreveu a embaixada russa em Washington na sua página do Facebook.
A embaixada russa reagiu a um tweet do corpo diplomático norte-americano acusando Moscou de “invadir” a Ucrânia em 2014 e anexando a península da Crimeia. Este intercâmbio tem como pano de fundo um cenário de altas tensões sobre a Ucrânia.
A Rússia é acusada pelo Ocidente de ter reunido várias dezenas de milhares de soldados na fronteira do seu vizinho, em antecipação de uma possível invasão.
Na semana passada, Washington e a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) responderam por escrito às exigências da Rússia em termos de garantias de segurança para desanuviar as tensões sobre a Ucrânia em respostas que Moscou descreveu como “bastante confusas”.
As garantias de segurança da Rússia incluem um recuo na expansão da Otan, particularmente na Ucrânia e Geórgia, o fim de toda a cooperação militar com as antigas repúblicas soviéticas e a retirada das tropas e armas da Otan para as suas posições anteriores a 1997.
Hoje o Secretário de Estado, Antony Blinken, deverá falar por telefone com o seu correspondente russo, Sergey Lavrov, no meio de tensões sobre a acumulação de tropas russas – cerca de 100.000 – perto da fronteira ucraniana.
A Casa Branca acredita que existe uma “possibilidade distinta” de a Rússia invadir a Ucrânia em fevereiro, embora o Governo ucraniano tenha minimizado este aviso, insistindo que não vê a situação a agravar-se para além do que já foi visto anteriormente.
Conselho da ONU
O Conselho de Segurança da ONU debateu nesta segunda-feira (31) a situação na Ucrânia, como parte da agenda das “Ameaças à Paz e Segurança Internacionais”. A sessão, realizada a pedido dos Estados Unidos, foi decidida por 10 votos a favor, incluindo o do Brasil. China e Rússia votaram contra, enquanto Índia, Gabão e Quênia se abstiveram.
Na reunião, a subsecretária-geral das Nações Unidas para Assuntos Políticos e Consolidação da Paz ressaltou as tensões na fronteira entre Rússia e Ucrânia. Rosemary DiCarlo afirmou que ONU está acompanhando as discussões diplomáticas sobre “o futuro da arquitetura europeia de paz e segurança entre representantes da Federação Russa, dos Estados Unidos, membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte, Otan, da União Europeia e da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa”.
A chefe dos Assuntos Políticos afirmou que em todas as oportunidades, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apoiou incondicionalmente os esforços em andamento, mas segue preocupado com o aumento das tensões e a atividade militar no “coração da Europa”.
Em seu discurso, a subsecretária-geral afirmou que, de acordo com relatos, há mais de 100 mil soldados e armamento pesado da Rússia posicionados ao longo da fronteira com a Ucrânia.
(Agências Lusa e ONU News)