Um dia, um amigo me disse, durante uma conversa, que eu atraía boa sorte, porque plantava sementes diferentes. E que, com o tempo, elas iriam florescer para muitos.
Esse brilhante jornalista, que nos faz muita falta, Gilberto Dimenstein, usou a palavra serendipidade e abriu minha cabeça e a de muitos outros, além de ter mudado muitos rumos. Além dele, outro professor, Bruce Scott, me fez a mesma análise, e então passei a estudar a origem e as consequências do termo, em profundidade.
Quando escutei a palavra serendipidade em inglês, fiquei intrigado, mas com medo de mostrar minha ignorância, fiquei quieto e recorri ao companheiro inseparável: o dicionário. Lá, encontrei uma história que preciso repartir com o leitor.
Serendipity é uma palavra em inglês, que descreve uma feliz descoberta ao acaso, ou a sorte de encontrar algo precioso, onde não estávamos procurando. O termo foi cunhado no século XVIII pelo escritor inglês Horace Walpole.
A palavra teria sido retirada de um conto chamado “The Three Princes of Serendip”, que traz três personagens que sempre fazem descobertas acidentais usando sua sagacidade. Serendip seria o nome árabe da região onde atualmente fica o Sri Lanka. Com o acréscimo do sufixo -ity à palavra, ela se torna um substantivo abstrato em inglês. Recomendo muito a leitura desse conto para a vida!
Portanto, serendipity seria a propriedade de quem age como os príncipes de Serendip, ou seja, de quem encontra soluções criativas e inesperadas para os problemas, com um processo diferente dos demais e de forma sagaz.
Serendipity é quando, de repente e sem querer, alguém descobre algo que o faz mudar de rota ou vida, e encontra uma solução ou uma resposta inimaginável para os seus desafios.
É semelhante ao eureka, comum aos cientistas. E, por falar em cientistas, se olharmos para muitas descobertas, vamos encontrar um esforço enorme por muitos anos, até que, num estalar de dedos, aparece a descoberta inesperada e fantástica.
Isso me parece uma grande verdade em todas as áreas da humanidade. Toda vez que converso com alguém que inventou algo, uma obra do acaso aparece na conversa. Essas pessoas mostram-se muito felizes por terem superado um grande desafio, lutando para encontrar a solução (muitas vezes revelada num sonho).
Serendipity é a forma criativa de lidar com uma situação, encontrando um resultado inesperado e único. Tem a ver com o fato de identificar oportunidades em situações inóspitas, o que faz você ver o que outros não enxergam.
Em alguns dicionários de língua portuguesa é definida como “o dom de atrair a sorte”, mas no original, seu significado é mais complexo, como “plantar a sorte”, ou saber irrigar o solo fértil, ou cuidar dos mínimos detalhes, quando precisa encontrar novas ideias ou soluções — como uma “mágica” que só ocorre para quem treina muito e tenta fazer o bem maior. Não é “sorte gratuita”, mas a sorte plantada.
Desejo a vocês bons sonhos serendipitanos!
Luis Norberto Pascoal é empresário e presidente da Fundação Educar











