O trabalho de escavação arqueológica no antigo Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), realizada por pesquisadores da Unicamp e das Universidades Federais de São Paulo (Unifesp) e de Minas Gerais (UFMG), localizou vestígios que podem ser de sangue, objetos e inscrições que ajudarão a revelar as violações ocorridas no local durante o período da ditadura militar (1964-1985).
Os trabalhos de escavação começaram no último dia 2 de se encerram nesta tarde. Durante esse período, também foram realizadas visitas guiadas ao espaço, no bairro da Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo, mesas de discussão sobre a memória do período e oficinas de formação de estudantes e professores.
O edifício foi usado para interrogatório de opositores do regime, sob tortura. No local, foram registrados assassinatos: ali foi encontrado, por exemplo, o corpo de uma das vítimas mais emblemáticas do período da repressão – o jornalista Vladimir Herzog – no final de 1975.
Testes preliminares realizados com luminol – substância reagente a todo material que contenha ferro – indicam vestígios de sangue em duas salas do primeiro andar. Uma inscrição e um calendário foram localizados no banheiro do segundo andar do prédio. Pesquisadores informaram que perto de 400 objetos foram encontrados no antigo órgão de tortura e repressão na capital paulista.
As escavações são o resultado da atuação do Grupo de Trabalho Memorial DOI-Codi, que envolve organizações de defesa dos direitos humanos, o Ministério Público do Estado de São Paulo e a Unidade de Preservação do Patrimônio Histórico (UPPH) do Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo (Condephaat).