Aqui apresento a vocês duas figuras, a primeira se chama Maria, nasceu no interior de São Paulo em uma cidade chamada Bebedouro, o segundo se chama Valdemir e veio de Fernandópolis, também do interior de São Paulo. Mas…espera um pouquinho! Que criança é chamada de Maria e Valdemir? Deixa eu contar essa história melhor para vocês: ela era popularmente conhecida como Aninha e ele como Preto.
Quando tinham 7 anos, as famílias de ambos se mudaram para a mesma cidade, a famosa Campinas, onde moravam um de frente para o outro. Mas o tempo passou, cinco anos depois a família de Preto mudou de bairro, o que fez com que eles se desencontrassem. Mas como ele trabalhava vendendo pipoca no mercadão, ao ir embora, às vezes, pegava o ônibus próximo à casa de Aninha e seus olhares se cruzavam.
Um certo dia, saindo do cinema (que na época era nas ruas do centro da cidade) adivinhem quem ele viu? A musa dos seus sonhos, que estava indo rumo a resolver uns problemas que teve com o seu bilhete único e vocês acham que ele ia perder a chance? Já lhe respondo: JAMAIS!
De uma pequena pausa na leitura e para provar a vocês que ele é o último romântico, ouçam a música favorita dele: A Vida Não Presta, Leo Jaime:
Preto a acompanhou para resolver o problema em questão e a levou até o ponto de ônibus, mas como ele viajava muito para trabalhar, ficou sem aparecer por cerca de 20 dias.
Porém, quando pisou o pé na cidade, foi até a creche que Ana trabalhava e na casa dela, isso ainda sem nenhum compromisso. Um belo dia ela estava na estação indo para o interior visitar seus parentes e adivinhem quem apareceu? Ele mesmo. E ao ser questionado para onde estava indo, falou que ia na casa de sua avó, mas no momento em que o trem iria “quebrar” para seguir rotas diferentes, ele simplesmente decidiu acompanhar Ana e seus irmãos rumo ao interior.
Após, ainda teve momentos de idas e vindas. Até que o tempo que ele ficava fora foi diminuindo e então, aos 18 anos, começaram um romance que dura até os dias de hoje.
Entrei em contato com esse casal, que estão juntos há 31 anos, e questionei: “Qual o segredo para o casamento durar tanto tempo?” responderam-me que é essencial “respeito, companheirismo e parceria”. Nessa história, tiveram dois belíssimos filhos! Primeiro veio o Vinícius e nove anos depois, eu cheguei!
O real motivo deste texto é dizer que meus pais não tiveram a vida de “mão beijada”, não completaram os estudos quando jovens, mas, mesmo assim, criaram dois filhos sem medir esforço algum. Ao abordar a temática com eles, disseram que mesmo que seus pais não souberam como os instruir em relação a educação (aqui não cabe de forma alguma críticas negativas), eles quiseram fazer diferente, então sempre leram muito, foram entender melhor das coisas, não hesitavam em perguntar, eram curiosos, percebiam a diferença da educação na prática do dia a dia (ao verem as pessoas na rua e no trabalho).
Uma dica que dariam para pais de primeira viagem seria: apoiar o filho em todas escolhas (ballet, futebol, karatê,etc), ter confiança, acompanhar as atividades escolares desde o início, ter uma visão aberta, dar liberdade com instrução (através do diálogo e respeito) e principalmente não criar seus filhos numa bolha.
“O que é, é. Se todo mundo está numa festa com carro de 50.000, o do meu pai é de 10.000. Não tem problema, ele vai me buscar na porta da festa do mesmo jeito”
Frisaram que é importante instruir para que o filho seja bem resolvido com a sua realidade e que também saiba a do mundo.
“Eu nasci na rua, sou fruto da rua. Tudo que vocês veem na rua, eu vi.”
– Valdemir Donizeti –
Atualmente o Vinícius é formado em engenharia mecânica pelo ProUni e eu estudo terapia ocupacional em uma unidade pública. Mas isso foi porque nossos pais sempre nos orientaram mesmo não tendo orientação, nos ensinaram a estudar, a ser curiosos, humildes e principalmente MUITO persistentes.
“O ser humano que não abre a mente, atrapalha o outro”
– Maria Imaculada –
Deixo aqui um adendo dizendo que meu pai trabalhava de noite e minha mãe de dia, isso também contribuiu para nos proporcionar tamanho acompanhamento. Durante a conversa, eles disseram que não cabe a eles criticarem outros pais, sabem da dificuldade de quem trabalha em horários complicados e também de como é desafiador quando há a necessidade de criar um filho sozinho.
MAS…
“Se o pai não tiver a mente aberta, o filho não voa”
– Maria Imaculada –
E você que ainda não tem filhos e chegou até o final dessa leitura, peço que volte ao início e leia o título.

Lívia Campos Silva, 20 anos, é de Campinas, mas após conquistar uma vaga em Terapia Ocupacional em uma universidade pública, se mudou para Marília, interior de São Paulo. A jovem participou da Academia Educar presencialmente em Campinas e acredita que, para mudar o mundo, é preciso exercer o respeito ao próximo.














