Ao refletir sobre o “poder” ou o “impacto” do tempo em nossas vidas, me vem a mente a virtude da paciência, sendo o paciente aquela pessoa que espera, seja uma espera dos resultados advindos dos (ou não dos) diagnósticos da vida, tal como um paciente aguarda ‘pacientemente’ ser chamado à sala do médico, que aguarda pacientemente a convocação para a realização do exame, aguardando de forma paciente o efeito positivo dos medicamentos receitados, aguardando pacientemente o que há de vir… Gostaria de convidar você minha querida leitora, meu caro leitor a junto a mim, refletir sobre o conceito e a prática da virtude da paciência aplicada a questão temporal à qual estamos inseridos. Você tem tempo e tem paciência para estar ao meu lado nessa reflexão? Que bom, então vamos à ela.
Quando eu me pergunto se o tempo cura, é inevitável que uma das linhas de resposta possível seja a relacionada com a paciência, com um modo de espera, talvez uma espera ativa, fazendo assim a parte que lhe cabe, esperando a hora certa chegar, esperando pacientemente o desfecho daquilo que tanto se aguarda. Uma espera ativa tal como a de um paciente que precisa aguardar a melhora de sua doença, mas que precisa fazer a sua parte tomando os devidos medicamentos nos seus devidos horários recomendados, essa sim se trata de uma postura de paciente e esperançosa. Uma espera que confia; que enseja, que confia…
A virtude da esperança na busca da cura advinda pelo tempo, seja ela associada a uma doença física encarada como a cura do corpo, seja ela metafísica, subjetiva, podendo ser encarada como a cura da alma, é simplesmente necessária para que haja êxito em sua espera paciente. Não há como nos desvincularmos da virtude da paciência, pois parece-me que tendo ou não tal virtude em nosso modo de vida, pouco importa para o tempo em si.
Ele passa, quer você queira, quer não, talvez a virtude da paciência sendo desenvolvida por si só, ou através de terapia (como a psicanálise, por exemplo), ajude você a não sofrer tanto com a espera, com a ansiedade e seus desdobramentos que acometem a saúde do corpo bem como a da alma. A pessoa ansiosa quer tudo para ontem, isso quando não está carregada de exigências, não bastando o senso de urgência, ainda precisa ser atendida como ela quer e ponto final.
Controlar a ansiedade é dominá-la e não ser dominado por ela; seria tal como uma possível “queda de braço”: de um lado a paciência do outro a ansiedade, quem ganharia se houvesse essa disputa em seu cotidiano? Será que a sociedade a qual estamos inseridos, está nos deixando mal acostumados a ser pessoas ansiosas? Sou da época em que havia ligação por orelhão e “tudo fluía muito bem, obrigado”, atualmente as pessoas surtam porque enviaram uma mensagem pelas redes sociais e a outra visualizou e não respondeu na hora… Como pode isso: Se é que pode, pode surtar? Pode perder o sono? Pode perder a amizade, o trabalho, o contrato, a consideração? Pois são justamente esses fatores, dentre muitos outros, que estamos falando e que estão na linha de frente daquelas pessoas que estão despidas de paciência e imersas no “mar da ansiedade”.
Você se considera uma pessoa paciente? Talvez você hesite um pouco antes de responder, talvez o faça de modo inseguro, mas o fato é que somos pessoas, seres humanos com oscilação de emoções e é inegável que hora estamos tranquilos, hora agitados, seriam posturas essas que nos caracterizam como que “reféns” de fatores externos? Faltaria em nós o que os coachs tanto defendem que é a chamada Inteligência Emocional? Fica a provocação filosófica.
O que sei é que pouco sei de mim, e ainda estou, e pretendo estar até meu último suspiro de vida, em constante busca e descoberta de quem sou, de minha identidade, de como conseguir controlar meus impulsos a ponto de dentre os vários, poder controlar a virtude da paciência se sobrepondo ao impacto social e cultural que traz consigo essa emergência da ansiedade, esse anseio de querer tudo “para ontem”, de insatisfação, da busca pela falta, uma falta que não se sacia…
Para que possa vir a ocorrer a cura pelo tempo, é necessário esperar, e deixo você, minha querida leitora, meu caro leitor que comigo esteve até aqui, de modo paciente me acompanhando nessa leitura e reflexão: o que você pode fazer de diferente em sua rotina para não ficar de braços cruzados, esperando que a tal cura chegue até você? O que fazer para não ser refém da ansiedade, não ser vítima da frustração pelo anseio da certeza do futuro e da volta por cima, volta essa na qual você sai ganhando?!
Pense nisso: o tempo cura? Você tem a paciência o suficiente para esperar tal resultado em sua vida? E se ela não vier, mesmo você dando “tempo ao tempo, qual será sua reação”? Um grande abraço.
Thiago Pontes Thiago Pontes é Filósofo, Psicanalista e Neurolinguísta (PNL) – Instagram @institutopontes_oficial