Há determinadas coisas que não devemos saber. Já são difíceis os relacionamentos entre as pessoas e a vida em sociedade. Imaginemos se nós tivéssemos a possibilidade ou o poder de antevermos fatos, circunstâncias e de escutarmos pensamentos alheios.
Pessoas nos são educadas, porém, em pensamento, estão nos mandando “catar coquinhos”, quando nos sorriem e pensam “que azar me encontrar com ele, não vou com a cara desse sujeito metido”.
Numa roda de amigos, quando são conversados temas polêmicos e somos todos educados, contudo pensamos uns em relação aos outros que têm visão diferente: “quanta burrice, aquele ou aquela é um tapado e teimoso mesmo, como pode pensar ou agir dessa forma?” Quando formamos as “panelinhas” e, na ausência de um certo alguém, o processamos, o julgamos e aplicamos a pena sem a mínima piedade e direito de defesa. O ser humano é bélico por natureza.
Imaginemos se os pensamentos fossem audíveis? O mundo teria acabado há séculos.
Certeza mesmo é de que todos morreremos. Todavia, fomos salvaguardados em saber quando e como a morte nos alcançará. Incertezas igualmente em relação aos relacionamentos amorosos, se serão bem-sucedidos ou não; a profissão será esta, aquela ou aquela outra?; terei filhos? Quantos? Serão saudáveis e bons filhos? Etc.
Sem dúvida, temos mais incertezas do que afirmações contundentes; conhecemos somente a ponta do iceberg que conseguimos enxergar. Há uma vastidão de incertezas e de pormenores que não nos é dado conhecer. Ótimo ser dessa maneira. E mesmo assim existem os “donos da verdade”.
O grande pensador e filósofo, Sócrates, chegou à seguinte conclusão: “só sei que nada sei”.
Nele, como na maioria dos indivíduos extremamente inteligentes, sobressaem-se a humildade e a sabedoria.
A nós, na atualidade, uma receita de valia: vamos tocando em frente, na medida do possível.
Armando Bergo Neto é advogado, ex-procurador geral da Câmara Municipal de Campinas