Novo ciclo, velhos problemas. Repetindo o roteiro de quatro de seus seis jogos dentro de casa no Campeonato Paulista, a Ponte Preta não conseguiu segurar a vantagem no placar e saiu de campo apenas com um empate diante de sua torcida na estreia da Série B.
Diante do Coritiba, rebaixado no ano passado e um dos favoritos ao acesso, a Macaca abriu o placar no primeiro tempo, com gol do zagueiro estreante Joílson, mas recuou e tomou o castigo na etapa final, em duelo disputado no último domingo (22), no estádio Moisés Lucarelli, em Campinas.
Após mais um resultado de igualdade, o sexto em sete jogos da equipe como mandante na temporada, o torcedor pontepretano ficou intrigado pela ausência do centroavante Jeh, artilheiro da Macaca nesta e na última temporada. Ele sequer foi relacionado para a partida contra o Coxa.
De acordo com o treinador João Brigatti, a situação do jogador de 24 anos, principal esperança de gols do time, envolve problema disciplinar. Ele ficou insatisfeito por causa de uma negociação frustrada com o Santos, que desejava ter o jogador por empréstimo, mas o clube campineiro não aceitou.
“O Jeh estava envolvido em uma transação e a diretoria jamais escondeu isso de nós, mas temos que valorizar a camisa da Ponte. Muitas vezes o atleta e o empresário ficam insatisfeitos, tristes, mas não é unilateral. Tem que ser bom para os dois lados. Emprestando para o Santos, a gente iria fortalecer um adversário direto e se enfraquecer. Procuro não me envolver nessas questões, mas tem que saber que a Ponte não vai mais vender jogador de graça”, disse Brigatti.
“Com todo respeito, mas o Jeh estava na Itapirense, um observador nosso foi lá e o buscou. A Ponte deu uma camisa pesada para ele, ele fez jus com os gols e se valorizou, mas a negociação tem que ser boa para os dois lados. O Jeh tem que saber que a janela fechou e agora só abre no meio do ano. Tudo é um processo na vida da gente. Morreu a transação, a camisa é da Ponte agora. A gente tem conversado demais e conta com o jogador”, repreendeu Brigatti.
“O Jeh estava treinando normalmente com a gente, mas depois sentiu um desconforto também. A gente espera que a partir de terça, o departamento médico possa liberá-lo para dar sequência. Sentimos a ausência dele e vamos torcer para voltar o mais rápido possível. É um cara que faz falta para a gente”, destacou Brigatti.
O comandante pontepretano também aproveitou a coletiva pós-jogo para justificar a escolha de deixar o zagueiro boliviano Luis Haquin no banco de reservas durante os 90 minutos do confronto contra o Coritiba. Contratado no início desta temporada, o defensor de 26 anos havia sido titular em seis dos 13 jogos da Macaca no Paulistão, agradando os torcedores de forma unânime.
“O Haquin é um grande profissional e a gente tem o maior respeito por ele. Não é simplesmente um atleta que veio da Bolívia jogar aqui, mas o capitão de sua seleção, um cara que sempre puxa o grupo pelo lado positivo. Mas fizemos uma opção pela dupla que foi contratada [Joílson e Sérgio Raphael]. Depois, durante o jogo, com o problema do Sérgio Raphael, o Edson entrou porque se adapta melhor pelo lado esquerdo. É uma escolha da comissão técnica’, explicou Brigatti. “Mas se alguém der uma brecha, o Haquin vai voltar a atuar”, completou.
“Queria dar os parabéns para 99% dos torcedores no estádio, que entenderam o momento difícil, principalmente no segundo tempo, apoiando do início ao fim. Mas tem uma meia dúzia de babaca que fica nas sociais, que a gente sabe quem são e as reais intenções desses falsos torcedores da Ponte”, esbravejou Brigatti.
O treinador pontepretano também ficou na bronca com torcedores que contestaram suas decisões durante a partida e o xingaram da arquibancada das vitalícias.
“Enquanto tivemos fôlego e gás, mantivemos organização ofensiva e defensiva. Pouco sofremos no primeiro tempo. Estávamos há mais de um mês sem jogar, com atletas novos chegando e entendendo o processo, com uma nova formatação. Tem gente que insiste em não ver por esse lado. Foi uma equipe guerreira, os atletas estão de parabéns. Não conseguimos a vitória, que era o que todo mundo queria, mas esse ponto vai fazer diferença lá na frente. Não adianta ficar pedindo para a gente colocar o time para a frente, o jogo encaminha as situações. Do outro lado tem um time qualificado, um time grande igual a Ponte. Não deixa de ser positivo esse empate”, avaliou Brigatti.