A ONU aponta que o número de refugiados no mundo chega a 120 milhões. O relatório Tendências Globais de Deslocamento 2024 registra novos níveis históricos no balanço das populações forçadas a deixar suas casas em função das guerras e crises climáticas. A publicação foi lançada nesta quinta-feira (13), em Genebra.
Violência, guerra ou perseguição
Dados recolhidos até maio deste ano confirmam um total de 43,4 milhões de refugiados e outras pessoas precisando de proteção. Elas atravessaram as fronteiras de seus países para escapar da violência, guerra ou perseguição.
Nesse contexto, cerca 6,9 milhões de pessoas aguardam uma decisão sobre o status legal de refugiados após terem abandonado suas nações de origem e solicitado pedidos de asilo.
O relatório aponta que situações de conflito como as do Sudão, de Gaza e de Mianmar geram deslocamento e exigem resolução urgente.
Os confrontos que iniciaram no território sudanês em 2023 geraram 10,8 milhões de desalojados. A Faixa de Gaza registrou 1,7 milhão de deslocados pela violência até o final do ano, ou 75% da população. A maioria era refugiado palestino.
Deslocamento Interno
Em cinco anos, houve um crescimento em mais da metade do total de deslocados internos (dentro do próprio país de origem) gerados por confrontos. O número atingiu 68,3 milhões, destaca o Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno.
O documento marcando o 12º aumento anual consecutivo de deslocados indica que a tendência de deslocamento dobrou na última década. A situação reflete conflitos novos ou em transformação, além de “uma falha de longa data em resolver crises.”
Para a ONU, o total global de deslocados no mundo corresponderia a habitantes do 12º maior país do mundo, quase do tamanho do Japão.
A Síria continua registrando a maior crise de deslocamento do mundo, com 13,8 milhões de pessoas desalojadas à força vivendo dentro e fora do país.
Tragédias humanas
Para o alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, “por trás desses números gritantes e crescentes estão inúmeras tragédias humanas.” Segundo Grandi, esse sofrimento “deve estimular a comunidade internacional a agir urgentemente para enfrentar as causas do deslocamento forçado”.
Grandi destaca que “já passou da hora para que as partes em guerra respeitem as leis básicas do conflito e do direito internacional”.
Pela previsão da ONU, os números atuais devem seguir em alta. A expectativa é que melhore a cooperação e os esforços concertados para lidar com conflitos, violações de direitos humanos e a crise climática. Os efeitos esperados são o aumento da miséria e o alto custo das respostas humanitárias. (ONU)