Os desacordos ao redor da mesa se tornaram um clichê nos dias de encontro da família. Muitos não aprenderam discordar bem e com diplomacia. Para o filósofo grego Sócrates, a conversa sempre foi um processo em que a dança das ideias poderia ajudar as pessoas a se aproximarem de sua verdade pessoal.
O papel principal do ser humano é entender o outro. E para realizar bem essa responsabilidade, devemos desenvolver uma habilidade crítica. Tudo começa na escola, no trabalho, no bar, no Dia de Ação de Graças e, principalmente, nos funerais.
Em muitas ocasiões caminhamos sobre cascas de ovos porque não temos muitas ferramentas culturais para um desacordo saudável. Queremos ser ouvidos, mas não queremos ouvir.
Saber ouvir e ter argumentos produtivos na hora certa podem nos ajudar a entender um ao outro. E vale lembrar que escutar é prestar atenção e se abrir para a vida com curiosidade.
Aprender a debater mais e discutir menos é especialmente benéfico para as pessoas mais jovens ao redor da mesa de jantar.
Algumas mentes bem-sucedidas em negócios, política e arte foram bons debatedores desde o ensino médio. Ao dialogar, precisamos abrir espaço para o novo, nos esvaziando de certezas, confiando no que o outro pode contribuir.
Mas ser bom em discordar não significa gritar mais alto ou discutir mais. Significa descobrir quando as coisas valem a pena ser debatidas e como debatê-las respeitosamente.
Que tal antes de entrar num conflito se olhar no espelho com “um pouco de humildade”?
Tente dar crédito por pontos salientes e liderar com respeito ao debater com seus familiares mais velhos. Não tenha medo em discordar desde que o faça com respeito e amplie o debate.
Quando você reconhece que pode não concordar antes mesmo do início do debate, nem comece o debate, brinque com o momento. Ouça a experiência do outro para depois falar da sua própria.
Apoie seus argumentos com coisas que você testemunhou ou experimentou pessoalmente em vez de generalizações.
Saiba quando deixar a água rolar, pois não vale a pena discutir com todos e nem todos os tópicos merecem ser debatidos.
Se alguém não quiser ouvir e dominar a conversa, você pode ir embora. E lembre-se se você precisar difundir uma situação, construa uma ponte para trazer o outro com carinho.
Sabemos que a discordância é inevitável e faz parte da vida, mas, quando é saudável, torna nossos relacionamentos e nossas comunidades muito mais fortes.
Luis Norberto Pascoal é empresário, empreendedor e incentivador de projetos ligados à educação e à sustentabilidade. A Fundação Educar Dpaschoal é um dos pilares de seu trabalho voltado ao desenvolvimento humano e social