Em outras épocas, o Dia Mundial do Abraço, comemorado neste sábado (22), teria como viés o estímulo à troca de gestos de afeto. Neste 22 de maio, a mensagem é “calma, logo chegará o dia de abraçar”. Ainda que mais lenta que o desejo do brasileiro, a campanha de vacinação contra a Covid-19 em breve permitirá que muitos abraços reprimidos sejam trocados. Esperança que não tínhamos em 22 de maio de 2020, quando a pandemia restringiu o toque de carinho e colocou o futuro em suspensão.
“No ano passado, nesse dia, era tudo incerto. A quarentena foi se alongando, a gente não tinha previsão sobre o começo do fim disso tudo. Hoje, com a vacina, há esperança que a gente logo vai voltar a se abraçar. Cada amigo que relata que se vacinou, é uma alegria, um alívio”, descreve a pedagoga de 33 anos Thais Reinaldi Siqueira, que, abraçada ao filho Guilherme, de 4 anos, faz referência à música do Jota Quest para garantir que “o melhor lugar do mundo é dentro de um abraço”.
“Como é bom poder abraçar as pessoas que a gente ama e como faz falta não poder abraçá-las”, descreve Thais Reinaldi Siqueira
O Dia Mundial do Abraço também pode ser um convite à reflexão, como sugere a coordenadora de marketing Ana Paula Costa Reiching, de 24 anos. “Nunca fui uma pessoa que valorizasse muito o abraço, o contato físico. Agora notei o quanto isso faz falta, o quanto sinto saudades desses momentos em que podia ter abraçado meus pais, minha vó. Hoje valorizo muito mais tudo isso. Não vejo a hora de poder abraçar e estar junto das pessoas que amo”.
“Agora notei o quanto o abraço faz falta na vida da gente”, afirma Ana Paula Costa Reiching
Ao contrário de Ana Paula, a economista Camilla de Aguiar Habib, 22 anos, jamais economizou nos abraços. E um ano e meio após o início do distanciamento social, tem certeza que nunca se acostumará à dispersão do contato. “Passei por uma situação muito complicada. Meu avô estava doente e não pude nem chegar perto dele. São coisas que no dia a dia fazem muita falta. Fazia muito parte de mim. Hoje, depois de tanto tempo, ainda sofro bastante”.
“Sempre fui uma pessoa muito afetuosa. Sempre buscava o abraço, o toque, o beijo. Ainda sofro com tudo isso”, conta Camilla de Aguiar Habib
A vida mostrou ao engenheiro civil Sandro Shiguetoshi Osaki, de 59 anos, os muitos significados do abraço. E também deu diferentes sentidos aos abraços que ele tanto valoriza. “Aprendi o valor do abraço com minha mãe, desde criança tenho essa lembrança. Ao longo do tempo a gente aprende que é muito bom o abraço das pessoas, depois ganha abraços da família, da filha, da esposa, é uma outra fase da vida e dos abraços”, detalha.
Ainda que contidos pela necessidade de seguir as medidas para evitar a disseminação do coronavírus, os abraços de Sandro continuarão carregados de significância após a pandemia. “Aprendi com um amigo a abraçar sempre o lado esquerdo para encontrar o coração da outra pessoa. É um gesto especial. Espero que depois da pandemia a gente possa retomar esse abraço gostoso que tanto nos faz falta.”
“Aprendi o valor do abraço, o bom do abraço, ainda criança, com a minha mãe”, recorda Sandro Osaki
Comparar as sensações sentidas no Dia do Abraço de 2020 com as de 2021 é alento após meses de incredulidade sobre o futuro. Quem esperou 15 meses, consegue aguardar um pouco mais, no caso do Brasil. Melhor sorte terão norte-americanos e ingleses, por exemplo. Em muitos países cuja cobertura vacinal está adiantada, para boa parte da população já não há mais a saudade do abraço – mas lá também não existe a palavra saudade.