Outro dia, fui almoçar em um restaurante perto de uma das empresas que atendo. Sentei sozinha, aproveitando o intervalo entre um compromisso e outro, quando percebi três mulheres na mesa ao lado. Eu não as conhecia, mas logo entendi, pelo tom da conversa, que trabalhavam juntas. A voz era alta e o clima tenso. Falavam mal do gestor, com palavras duras, cheias de ironia e desrespeito. Enquanto eu comia, fiquei pensando sobre o peso daquelas falas e sobre como, muitas vezes, esquecemos que o que dizemos fora das reuniões também constrói a imagem que deixamos no ambiente profissional.
O mundo corporativo é muito menor do que parece, e as palavras têm um alcance que raramente medimos.
Comentários feitos em tom de desabafo, em um almoço ou num café, podem chegar a ouvidos inesperados e moldar a percepção que os outros têm de você. Aquelas mulheres, provavelmente, não imaginavam que alguém ali pudesse conhecer o gestor de quem falavam. Mas eu conhecia. Conhecia o profissional e também a pessoa: dedicada, respeitosa e comprometida com a equipe. E naquele momento, percebi o quanto a reputação é um patrimônio invisível, que pode ser fortalecido ou abalado por gestos e conversas aparentemente inofensivas.
Reputação não é construída apenas pelos resultados que você entrega, mas pela coerência entre o que fala, o que faz e o que mantém quando acha que ninguém está olhando. Ela nasce dos pequenos comportamentos, das reações em situações simples, do tom de voz que você usa nas reuniões, nos corredores, nas mensagens e até nas pausas para o café.
Cada palavra dita ajuda a desenhar a imagem que os outros formam de você, e é justamente por isso que a consciência sobre o impacto da fala é tão importante. A forma como você se expressa pode fortalecer a confiança que inspira — ou colocá-la em dúvida.
Quando há um problema com alguém, o caminho mais inteligente é sempre o diálogo direto. Falar com a pessoa envolvida é um ato de coragem e maturidade. Transformar um incômodo em assunto de mesa ou de grupo é confundir desabafo com feedback. E feedback não é desabafo público, é uma conversa privada, feita com escuta, clareza e respeito. Escolher elevar o nível das conversas é uma forma silenciosa, mas poderosa, de mostrar liderança. Falar de ideias, aprendizados e soluções em vez de pessoas é o que diferencia quem contribui de quem apenas comenta.
Cuidar da sua reputação é um exercício diário de presença e consciência. É alinhar discurso e comportamento, medir o peso das palavras e entender que cada fala deixa uma impressão.
A confiança que você desperta nos outros está diretamente ligada à qualidade das conversas que provoca.
Saí daquele restaurante pensando em quantas vezes somos admirados ou julgados sem perceber, apenas pela forma como nos colocamos nas situações simples.
Reputação não se improvisa. Ela se constrói todos os dias, nas palavras que escolhemos dizer, nas que decidimos calar e, principalmente, na intenção que guia a nossa voz.
Cecília Lima é fonoaudióloga, especialista em Oratória e Comunicação para Líderes. Há 20 anos, dedica-se a guiar líderes a colocarem suas ideias com confiança, clareza e assertividade, conquistando a influência que precisam para crescerem na carreira e na vida. Conheça:@cecilialimaoratoria

 
			 
					






















