Rara leitora, raro leitor, “um sofá e dois celulares, é a tumba do amor”, já dizia a canção do casal de cantores italianos Coma_Cose. E por mais paradoxal que possa ser, a dupla se separou – do casamento e dos palcos.
Um fenômeno que começou recentemente, mas invadiu todos os cantos do planeta, ou melhor, do celular, são os emojis. Em 2015, a carinha chorando de rir foi eleita a palavra do ano pelo dicionário Oxford. Em 2025, deveriam ser as reaçõezinhas.
Não me conformo que, depois de uma frase, as pessoas “respondam” apenas com as famosas mãozinhas juntas, a palminha, o “joinha”, ou o coraçãozinho. Será que não têm nada a dizer? Provavelmente.
Certo que existem casos e casos, em alguns até cabe, mas me sinto muito analógico para dar esse tipo de resposta. Prefiro escrever palavras. Sim, às vezes me sinto na pré-história. Mas me parece que na pré-história é que não havia escrita, e se comunicavam por desenhos, não? 😊
Alguém já disse, depois do advento das reaçõezinhas, que finalmente haviam inventado uma forma de ele terminar a conversa rapidamente! É bem isso mesmo. E ainda pior é quando ficamos sem respostas. Prefiro o “obrigado” que a mãozinha, o “parabéns” à palminha.
Troca de mensagem não é comunicação. O excesso de mensagens de hoje é resultado da incomunicação, e não da plena conexão. Valorizam cada vez mais a suposta positividade, a performance e a exposição. Mas tudo marcado por uma falta de profundidade ou um verdadeiro “encontro” com o outro.
Como alguém pode seguir 1000, 2000, 3000 pessoas? Como uma pessoa segue outra que não tem nada a oferecer? O vazio se torna podridão.
A própria falta de atenção com o próximo, materializada na mensagem não respondida, é um sintoma dos nossos novos tempos. Cada vez há menos lugar para escutarmos alguém. Nos fechamos no nosso pequeno mundo onde só enxergamos a nós mesmos.
Gustavo Gumiero é Doutor em Sociologia (Unicamp) e Especialista em Antigo Testamento – gustavogumiero.com.br – @gustavogumiero

 
			 
					






















