A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), regional Campinas, divulgou nota na manhã desta terça-feira (24) posicionando-se contrária a uma eventual exigência de passaporte sanitário para que clientes frequentem bares e restaurantes. A polêmica começou na Capital, após o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB) anunciar que ela seria implementada. O anúncio ocorreu na manhã de segunda-feira (23), mas ao longo do dia, o tema foi mudando de rumo e houve recuo das autoridades.
Na noite da segunda, com a controvérsia criada, o secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, explicou que o passaporte só vai ser exigido em grandes eventos, como jogos de futebol, feiras, congressos e shows. Ele classificou o assunto como “confusão”.
Epidemiologistas enxergaram populismo na ideia aventada pelo prefeito paulistano.
Para eles, o passaporte só teria sentido se a esmagadora maioria da população já tivesse tomado a segunda dose. Não estava claro também se o “green card” incluía vacinados em primeira dose. Se isso fosse considerado, de acordo com os especialistas, seria um absurdo, já que não haveria proteção suficiente para frequentar lugares fechados.
Eles apontam ainda outras incoerências. Uma delas é que, neste momento, o mais importante é acelerar a vacinação em segunda dose e cercar a expansão da variane Delta. Outra seria a provável falta de padrão nas abordagens em estabelecimentos comerciais, situação que poderia gerar conflitos e abrir as portas para a corrupção cotidiana.
O que pensa a Abrasel Campinas
A entidade afirma ver “com muita preocupação” a medida paulistana (já houve desistência da Prefeitura de São Paulo) e “com posicionamento de pedidos semelhantes na região de Campinas”. A Abrasel argumenta que uma eventual medida dessa natureza “impõe mais uma obrigação aos estabelecimentos do setor de alimentação fora do lar, que não terão condições implementá-la com suas estruturas atuais, da mesma forma que não conseguem contratar novos recursos e funcionários para esta função específica.”
Para a Abrasel, ao fazer isso, o poder público estaria, hipoteticamente, se furtando “a executar sua função de entidade fiscalizadora, jogando a responsabilidade para comércios, que lutam para sobreviver após tanto tempo sofrendo severas restrições.”
A Abrasel regional Campinas está atenta aos movimentos que atentam contra o equilíbrio financeiro dos estabelecimentos e o bom senso.
Caso medida semelhante chegue às cidades de sua área de abrangência tomará as medidas que acreditar ser relevante.
Vereador campineiro defende passaporte
O vereador Gustavo Petta (PCdoB) apresentou indicação ao prefeito Dário Saadi (Republicanos) para que o chefe do Executivo adote medidas condicionando a entrada em locais fechados à vacinação contra a Covid-19. O documento protocolado nessa segunda-feira (23) leva em consideração a ideia aventada em São Paulo.
Petta aponta algumas ideias de implementação: o comprovante de vacinação poderia ser feito por meio de aplicativo da Prefeitura ou com o cartão físico da vacinação e os locais que não cumprirem a exigência deveriam ser multados, na sua opinião.
Segundo Petta, “ainda não foi decretado o fim da pandemia de Covid-19 e é uma forma de estimular a vacinação daqueles que já poderiam ter tomado a vacina, mas se recusam. Tendo em vista que a vacinação é um acordo coletivo, é dever do Estado zelar pelo bem público”.