A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia do Senado vota nesta terça-feira (26), em reunião prevista para começar às 10h, o relatório final dos trabalhos, elaborado pelo senador Renan Calheiros. A sessão, que marca o fim de seis meses de trabalho do colegiado, foi aberta com o relator explicando os ajustes feitos no texto desde a semana passada, quando a primeira versão do documento foi apresentada oficialmente aos senadores.
Depois disso, vários senadores falaram. O senador Otto Alencar, por exemplo, disse que o presidente Jair Bolsonaro comandou uma “grande produção de charlatões” que defenderam o uso da hidroxicloroquina contra a covid-19. O senador defendeu o indiciamento do presidente da República, sugerido por Renan Calheiros (MDB-AL), pelo crime de charlatanismo, previsto no Código Penal.
“Quando se define o charlatão, ao pé da letra, é o mercador de drogas e de elixires que propaga esse medicamento sem nenhuma formação na área da saúde, enganando o público. Na história do Brasil, e talvez da humanidade, nunca vi uma produção tão grande de charlatões como aconteceu agora, capitaneados e liderados pelo próprio presidente da República, que pega a caixa de hidroxicloroquina e receita irresponsavelmente para o Brasil. Nada pode ser comparado a isso”, disse.
A sessão foi suspensa pouco depois das 14h e será retomada depois das 15h. Será novamente suspensa às 17h e volta às 18h30, quando poderá começar efetivamente a votação.
A versão que irá a voto traz as últimas considerações, discutidas pelo grupo majoritário da comissão que se reuniu ontem (25). Entre as novidades estão novos indiciados. “Temos mais dez, totalizando 76 pedidos de indiciamento, com duas empresas, que também foram indiciadas e constavam na primeira versão do relatório”, adiantou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues ( Rede-AP).
Os novos pedidos de indiciamento, observou o senador, foram motivados especialmente pela negociação da vacina da Davati e pela disseminação de fake news.
Após essa fase, o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), concederá 15 minutos, com mais cinco de tolerância, para os senadores Marcos Rogério (DEM-RO), Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e Eduardo Girão (Podemos-CE) apresentarem seus pareceres alternativos ao de Renan.
Feitas as apresentações, os senadores vão discutir os pontos do documento final e em seguida será aberto processo de votação nominal aberta do texto do relator. Para aprovação do relatório final, basta aprovação em maioria simples, metade mais um dos membros titulares presentes.
Em seis meses de trabalho, a CPI da Pandemia realizou 67 reuniões, votou mais de 500 requerimentos e 190 quebras de sigilo. (Agência Brasil)