O vereador Jorge Schneider (PL) esteve no Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) no final da manhã desta quinta-feira (11) e disse ter feito o reconhecimento da pessoa que praticou o crime de injuria racial contra a vereadora Paolla Miguel, durante a sessão da última segunda-feira (8).
Paolla Miguel discursava na tribuna sobre um projeto de promoção da comunidade negra e foi chamada de “preta lixo” por um dos manifestantes que estavam nas galerias para pedir a provação de um projeto que extingue o passaporte da vacina. Entre outras coisas, o grupo gritava palavras de ordem como “vacina mata”.
De acordo com Schneider a ofensa contra a vereadora partiu de uma mulher. “Sim eu vi, sim. Para azar dela, eu estava olhando pra ela, porque eles (manifestantes) não usavam máscara o tempo todo, e isso me indignou”, disse o vereador.
“Então eu estava olhando para ela e, infelizmente, tive o desprazer de ver aquela pessoa falar aquela frase”, continuou. O vereador contou que prestou depoimento à polícia e que fez o reconhecimento.
Logo depois das ofensas, o presidente da Câmara, vereador José Carlos Silva (PSB), requisitou imagens e material de áudio da manifestação no plenário e abriu investigação interna para apurar responsabilidades.
Repercussão
Numa reação à ofensa racial, centenas de pessoas estiveram ontem (10) no final da tarde em um protesto em frente à Câmara. Representações civis, entidades sociais e partidos políticos levaram solidariedade à vereadora. No dia seguinte ao episódio, Paolla Miguel foi até o 1º Distrito Policial e registrou um boletim de ocorrência. Junto com ela, foram à polícia os colegas de partido, vereadores Guida Calixto e Cecílio Santos, além dos vereadores Gustavo Petta (PCdoB) e Marina Conti (Psol).
Na sessão desta quarta (10) praticamente todos os vereadores presentes manifestaram apoio à vereadora.
Frente Parlamentar Antirracismo
A Câmara aprovou na noite de ontem (10) o requerimento do vereador Pemínio Monteiro (PSB) para a criação de uma Frente Parlamentar Antirracismo.
“Estamos não só sendo solidários à vereadora Paolla, mas também utilizando essa ferramenta recente na Câmara para ampliar o debate com a sociedade civil, especialmente líderes de movimentos negros, em todas as reuniões. Queremos mostrar que hoje em dia o racismo não pode mais ser possível”, diz o vereador.
O caso
A vereadora Paolla Miguel ouviu as ofensas ainda na tribuna, quando discursava sobre a importância do projeto que previa criação do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra, que estava entrando em votação definitiva naquele momento.
Gritos de protesto contra a fala da vereadora partiram do grupo que estava na galeria desde o início da sessão, protestando contra o chamado passaporte da vacina. O sistema de transmissão da TV Câmara captou áudio em que ao menos duas vezes, uma mulher chama Paolla Miguel de “preta lixo”. Veja mais no link
“O grupo que estava aqui é de apoiadores de um determinado político e toda vez que alguém da esquerda subia, já começavam ofensas. Mas a partir do momento que comecei a falar da importância de termos um Conselho da Comunidade Negra, e que inclusive tivemos um aumento de casos de intolerância religiosa, comecei a ouvir ataques”, relatou a vereadora em entrevista à TV Câmara.
“Primeiro dizendo que aquilo era mimimi, depois as ofensas foram ficando mais agressivas até a gente ouvir ‘preta lixo’, ofensa que pode inclusive ser conferida na gravação da TV Câmara”, contou Paolla na entrevista à emissora legislativa.
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