A baixa adesão de adolescentes à vacinação contra a Covid-19 é um problema replicado em praticamente todos os estados do Brasil e também no Exterior. O grupo começou a ser imunizado em Campinas em setembro. Mesmo com as reduções de intervalo entre as doses, menos de 8% dos adolescentes de 12 a 14 completaram o ciclo vacinal. No grupo de 15 a 17, a taxa é de 15,4%. As secretarias de Saúde de Campinas e de Educação do Estado desenvolvem um programa para levar a vacinação às escolas, o que pode ocorrer já a partir do próximo mês, na tentativa de aumentar a cobertura vacinal.
Ana Cecilia Zocolotti, coordenadora do Programa de Imunização em Campinas, enumera uma lista de fatores que contribuem para a participação tímida dos jovens na campanha de imunização, e pede envolvimento de todos, pais, familiares e jovens, para a mudança de comportamento. “Falta muito pouco para superarmos essa crise. É importante que todos colaborem. A vacinação não é só pela pessoa que toma, é pelo bem coletivo”, reforça.
O medo de tomar vacina, pela dor da picada e por uma possível reação, é, na opinião de Ana Cecília, o motivo principal da baixa participação dos adolescentes e jovens na campanha de imunização contra a Covid. Outro empecilho citado por ela é a falta de tempo dos pais para levar os filhos aos centros de saúde.
“Os pais trabalham, e também precisam acomodar os horários com o período da escola dos filhos. Fica difícil às vezes conciliar as coisas”, afirma Ana Cecília.
Na lista de fatores entram também as fake news sobre a vacina, os negacionistas e a própria posição dos pais sobre a imunização. “É um conjunto de fatores, além do fato também do jovem saber que os casos graves são mais frequentes em pessoas com mais idade. Por outro lado, os jovens são os que mais circulam, o que amplia a capacidade deles de fazer o vírus circular mais”, compara.
O grupo de 18 a 24 anos também mostra adesão abaixo das expectativas. A vacinação para esse público teve início em agosto passado. De acordo com o balanço divulgado pela Prefeitura de Campinas na última terça-feira (16), somente 72,2% tomaram a primeira dose e 56,7% completaram o esquema vacinal. O público de 30 a 34 anos, pelo tempo de início da vacinação, poderia estar com o ciclo completo, o que ocorreu com apenas 77,4% das pessoas.
Os números mostram a diferença de postura entre as faixas etárias.
“As pessoas mais velhas colaboraram de forma efetiva. A partir de 55 anos, Campinas tem 100% de cobertura vacinal. O problema realmente está sendo convencer os jovens da necessidade de colaborar e de se vacinar”, explica Ana Cecília.
A fim de buscar maior participação do menor público imunizado até agora, está em curso o desenvolvimento de um programa que deverá levar a vacinação até as escolas do município. Até dezembro, acredita Ana, o projeto deve entrar em execução. O programa Campinas Vacina Mais, lembra ela, foi outra possibilidade aberta para flexibilização dos horários e dias de vacinação.
“Campinas tem uma excelente cobertura vacinal, os números gerais até superam nossas expectativas, porém, nessa reta final, é preciso que todos participem e colaborem para que até o final do ano toda a população elegível esteja completamente imunizada em Campinas”, pede a coordenadora.