O corpo do presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas e Região, Nilton Aparecido de Maria foi sepultado pouco depois das 13h30 desta quinta-feira (27), no cemitério dos Amarais, em Campinas, mas o sistema de transporte coletivo – que foi parcialmente paralisado pela manhã – ainda vai demorar para voltar a operar com normalidade.
A expectativa tanto da Emdec – a empresa municipal que disciplina o setor – quanto o SetCamp – o sindicato das empresas permissionárias – é que o sistema volte a operar com frota regular, apenas depois de 15h.
Nilton foi morto com um tiro na nuca na manhã de quarta-feira (26), num assassinato que gerou revolta na categoria e hoje provocou transtornos em série no sistema de trânsito.
Nesta quinta, além de Campinas, as cidades de Valinhos, Vinhedo, Paulínia e Indaiatuba amanheceram sem transporte público, num protesto conjunto dos trabalhadores. A paralisação afetou ainda as linhas intermunicipais.
Ao longo da manhã, a frota em circulação na cidade de Campinas foi aumentando, mas até perto de 14 horas, o serviços ainda não estavam totalmente normalizados.
Por volta das 14h, a Emdec informou que aguardava comunicados de cada terminal para saber como estava a situação. Disse que até 15h teria como confirmar se toda a frota saiu ou não das garagens.
O SetCamp, por sua vez, informou que das três garagens que haviam paralisado por completo no começo da manhã, por volta das 14h, estavam com 70% da frota regular. O SetCamp informou que a expectativa é que na troca de turno – que acontece por volta das 15h – se possa saber quantos estarão, efetivamente, operando.
O protesto
Por volta das 7h30, motoristas usaram os coletivos para bloquear um trecho da Avenida João Jorge, no Centro de Campinas. Com apoio da Polícia Militar (PM), agentes da mobilidade urbana conseguiram desbloquear a avenida.
De acordo com a Emdec, das 200 linhas de Campinas, 110 sofreram algum tipo de paralisação no início da manhã. Ônibus extras foram colocados em circulação, mas se mostraram insuficientes para atender a demanda. Os transtornos aos usuário se prolongaram ao longo de toda manhã.
O SetCamp informou que aproximadamente 76 mil usuários em Campinas foram afetados pelo protesto no início da manhã. E acrescentou que das seis garagens que abrigam a frota campineira, três amanhenceram totalmente fechadas.
O SetCamp estimou que por volta das 10h30, havia nas ruas da cidade 31% dos ônibus. De acordo com a entidade, os motoristas estão voltando gradativamente. A Emdec chegou a ingressar com ação na Justiça pedindo normalização imediata dos serviços.
O crime
Nilton Aparecido de Maria, presidente do Sindicato dos Rodoviários de Campinas, foi executado na manhã desta quarta-feira (26) com um tiro na nuca, quando saía de casa com a esposa. Segundo informações preliminares extraoficiais, ele já teria recebido ameaças desde que foi eleito presidente do sindicato, em agosto de 2021. O crime aconteceu por volta das 7h, em frente à casa da vítima, no Núcleo Residencial Gênesis.
No momento em que ele saía com a esposa, um homem saiu de um carro vermelho e anunciou um assalto. Ele ordenou que a mulher deixasse o carro e voltasse para dentro da residência. Na sequência, Niltão, como era conhecido o presidente do Sindicato, foi executado com um tiro na nuca. Nenhum pertence teria sido levado.
Ainda não há informações sobre a motivação do crime, mas um parente teria dito que ele vinha recebendo ameaças desde que foi eleito presidente do sindicato, em agosto do ano passado.
O Hora Campinas apurou que a Polícia Civil já está de posse de imagens de câmeras de segurança para ajudar na investigação. A hipótese de crime por disputa sindical está no horizonte dos investigadores.