Inaugurado no dia 31 de maio de 1953, o Brinco de Ouro da Princesa completa 69 anos nesta terça-feira (31). Palco de partidas memoráveis, conquistas e acessos do Guarani Futebol Clube, o estádio representa a segunda casa de diversos torcedores espalhados por Campinas, recheado de momentos inesquecíveis, histórias e amor pela camisa verde e branca.
Além da casa do Guarani, o Brinco de Ouro também é sinônimo de emoção para famílias que desde os primeiros anos da vida carregam com orgulho o amor pelo Alviverde. Esse é o caso da família de Fabio Otranto, Marina Otranto e Caroline Otranto, torcedores apaixonados pelo Bugre.
Atualmente com 51 anos, Fabio foi ao estádio pela primeira vez em 1973, quando tinha apenas dois anos de idade. Desde então, não deixou mais de ir à casa do Guarani. O torcedor lembra com carinho do primeiro jogo que assistiu de perto: vitória por 2 a 0 sobre o América de São José do Rio Preto, pelo Campeonato Paulista. Ele também lista partidas memoráveis que acompanhou na arquibancada, inclusive o título do Campeonato Brasileiro de 1978, diante do Palmeiras.
“O jogo mais marcante para mim, no Brinco, foi o título do Campeonato Brasileiro de 1978, sem dúvida. Tiveram outros, como a final do Campeonato Brasileiro da Série B em 1991 (diante do Paysandu) e também a final do Campeonato Paulista da Série A2 em 2018, frente ao Oeste, onde fomos campeões”, relembra com carinho o torcedor bugrino.
“Tiveram dois jogos contra o Palmeiras que o Guarani ganhou por 5 a 2 e 1 a 0 daquele time apoiado pela Parmalat. Houve vários outros jogos inesquecíveis como o Dérbi de 2012 pelo Paulistão, além de Guarani x ASA e Guarani x ABC pelo Campeonato Brasileiro da Série C de 2016. Tive a oportunidade de ver jogos sensacionais, com grandes jogadores como Zenon, Careca, Zé Carlos, Renato, Jorge Mendonça, Amoroso, Djalminha, Luizão, Fumagalli, Edu Lima e Edilson (Capetinha). A perda do título do Campeonato Brasileiro, no começo de 1987 (diante do São Paulo), foi um dia muito triste e sentido por todos os bugrinos. Que time, que campanha e que roubo (na final)”, acrescenta.
Alguns dos craques citados acima por Fabio, como Jorge Mendonça e Careca, estiveram em campo na partida do maior público já registrado no Brinco de Ouro da Princesa, em 1982, quando 52.002 torcedores foram ao estádio ver o Bugre enfrentar o Flamengo, que tinha Zico como craque do time. Neste dia, o camisa 10 do Rubro-Negro balançou a rede três vezes, Jorge Mendonça fez dois, e o jogo terminou 3 a 2 para os cariocas.
Frequentador do Brinco de Ouro da Princesa há quase 50 anos, Fabio não pôde ir a essa partida, mas esteve no estádio, ao lado da esposa Marina, no dia 5 de maio de 1990 para assistir ao primeiro e único jogo da Seleção Brasileira na casa alviverde. O escrete nacional, que na época buscava o tetracampeonato mundial e tinha o ídolo bugrino Careca no ataque, disputou amistoso contra a Bulgária e venceu por 2 a 1, em jogo que registrou o segundo maior público da história do Brinco, com 51.720 pagantes.
“O jogo da Seleção no Brinco foi uma novidade. Curtimos muito. Estive lá, estádio cheio. Como é bonito ver o Brinco lotado”, destaca Fabio. “Foi emocionante ver o Brinco com casa cheia e tendo a oportunidade de receber a Seleção Brasileira”, completa Marina.
Nascida em 1967, Marina Otranto foi ao Brinco de Ouro da Princesa pela primeira vez quando tinha 21 anos, acompanhada por Fabio. Na época, o casal assistiu de perto o confronto entre Guarani e Criciúma, no dia 4 de dezembro de 1988, pelo Campeonato Brasileiro da Série A. Naquela data, eles viram de perto o Bugre golear por 4 a 1, com gols dos atacantes Mário Maguila e Toni (duas vezes), além do ídolo Neto, em cobrança de falta.
A torcedora também lembra com carinho de outros jogos que assistiu de perto no estádio, como o duelo entre Guarani e São Paulo, no dia 3 de dezembro de 1994, pelo Campeonato Brasileiro da Série A, que terminou com vitória por 4 a 2 do Bugre, com gols de Sandoval, Júlio César, Luizão e Valdeir, garantindo a equipe na semifinal do torneio nacional daquele ano.
Além desse jogo, Marina esteve presente no memorável Dérbi do dia 29 de abril de 2012, pela semifinal do Campeonato Paulista, quando brilhou a estrela do meia Medina ao marcar dois gols, e o Alviverde venceu a rival Ponte Preta por 3 a 1, garantindo vaga na final do Estadual. Na histórica vitória por 3 a 0 sobre o ASA de Arapiraca, pelas quartas de final da Série C em 2016, a torcedora também foi ao estádio com a família e viu de perto o Bugre garantir o acesso para a Série B.
Amor pelo Guarani: dos pais para a filha
A torcida e a paixão pelo Guarani ultrapassaram gerações e passou de Fabio e Marina para a filha Caroline, nascida em 1997. Atualmente com 25 anos, a jovem é mais uma torcedora apaixonada pelo Bugre desde a infância e faz questão de acompanhar de perto os jogos do time do coração no Brinco de Ouro da Princesa.
Desde os primeiros anos de vida, Caroline começou a frequentar o clube social do Guarani, localizado ao lado do estádio, até que quando tinha seis anos, no dia 24 de agosto de 2003, foi com os pais pela primeira vez ao estádio para assistir de perto um jogo do time do coração. O duelo foi diante do Criciúma e a estreia nas arquibancadas foi com o pé direito, já que o Bugre venceu por 1 a 0, com gol do meia Dinélson, em confronto válido pelo Campeonato Brasileiro da Série A.
Após esse jogo, os anos passaram, e Caroline não deixou de ir ao Brinco de Ouro da Princesa junto com a família.
A torcedora guarda com carinho outros jogos marcantes como os acessos para a Série B em 2008 e a festa da conquista da vaga na Série A em 2009. O acesso para o Campeonato Paulista da Série A1 em 2011, a semifinal do Estadual de 2012, além do épico confronto frente ao ABC – que garantiu vaga na final do Brasileirão da Série C em 2016 –, também não saem da memória da jovem bugrina.
“Lembro de outras partidas marcantes como o Dérbi do 3 a 1 (em 2012), que me recordo muito bem da entrada do Medina quando o Fumagalli saiu machucado. Quando ele saiu, foi muito tenso, eu estava com medo de as coisas não darem certo (para o Guarani) e eu queria muito que a gente fosse para aquela final. Lembro muito do Vadão fazendo o movimento com a cabeça para o Medina fazer um dos gols. A torcida fez uma festa muito bonita, foi um jogo inesquecível mesmo. Foram várias pessoas da minha família, deu para comemorar, foi incrível e um dos melhores jogos da minha vida”, destaca a torcedora.
“Guarani e Águia de Marabá foi um jogo de quando o Guarani subiu da Série C para a Série B do Campeonato Brasileiro. Nesse jogo infelizmente teve briga, gás de pimenta, choveu, aconteceram várias coisas, mas valeu muito porque o Guarani ganhou, subiu e foi muito emocionante. Guarani e ABC, em 2016, também foi muito legal. Ninguém acreditava porque o Guarani precisava virar. Nós viramos, ganhamos de 6 a 0 e também foi inesquecível. Guarani e Rio Preto em 2011, quando subimos para a Série A1, com três gols do Jefferson Luís, eu estava sentada nas Vitalícias. Quando terminou o jogo, pedi a camisa para o Jefferson, ele jogou para mim e até hoje tenho ela guardada depois de ganhar de presente dele. Também foi muito bacana”, relembra.
“Em 2009, também foi muito legal porque o Guarani subiu no jogo contra o Bahia, fora de casa, e eu fui assistir no telão lá no Brinco. Fomos ao Aeroporto de Viracopos na chegada dos jogadores a Campinas vindo da Bahia e o jogo seguinte foi contra o Juventude. Nesse jogo contra o Juventude, foi eu, meu pai, minha mãe e tiramos foto com o (atacante) Ney Paraíba. A torcida estava se pintando de verde e branco, todo mundo estava com a camisa e foi uma festa bonita dentro e fora do estádio”, pontua.
Brinco de Ouro: segunda casa para a família
Completando 69 anos nesta terça-feira (31), o Brinco de Ouro da Princesa faz parte da história do Guarani, e os torcedores Fabio, Marina e Caroline são unânimes ao definir que o estádio é a segunda casa para a família. Com tantas partidas inesquecíveis e emblemáticas, eles destacam a emoção de poder acompanhar de perto, no estádio, o time do coração.
“Sem dúvida pode ser considerado a segunda casa de cada torcedor bugrino (o Brinco de Ouro). É bom estar lá, ver o Bugrão jogando, encontrar amigos e vibrar com bons momentos. Uma pena o Brinco ter chegado na condição que está hoje, sentiremos falta e saudades de lá, mas também penso que as mudanças são necessárias. Temos que evoluir em tudo e esse processo faz parte. Nesse momento queremos que o time realize boas campanhas com raça, garra e que venham vitórias para o orgulho da nação bugrina. Hoje e sempre Guarani!”, enaltece Fabio.
“Posso chamar de segunda casa por sempre estar em momentos incríveis de muitas emoções deste grande estádio Brinco de Ouro. Princesinha da cidade”, valoriza Marina.
“É uma segunda casa, com certeza. Vou lá desde pequena, realmente é uma segunda casa e me sinto muito bem lá. Tem o lugar que sempre sento quando vou ao jogo, da janela do meu quarto eu consigo ver o estádio, vejo todo dia, e para ir ao meu trabalho também passo lá na frente. Faz parte da minha vida e da minha história, sempre presente e sempre que possível tento ir aos jogos. Estar com a família bugrina de torcedores, além da minha família de sangue, é muito legal porque conhecemos muita gente, temos muitos momentos marcantes, já vamos conhecendo todo mundo e todos tratam muito bem. Desde pequenininha vou lá, fui crescendo, vivi vários momentos lá em dias de muito frio e muito calor, passei por vários jogos lá. Também lembro de ter ido em aniversário do clube, festas juninas, Carnaval. Muita coisa mesmo vivida dentro do complexo do Brinco”, finaliza Caroline.