Vinte dias após o início da campanha “Campinas Sem Fome”, a Prefeitura de Campinas prossegue neste domingo (11) com o “Dia D”, um fim de semana de força-tarefa com o objetivo de arrecadar alimentos para famílias em situação de vulnerabilidade social neste momento crítico da pandemia de Covid-19. O Palácio dos Jequitibás está desde sábado (10) em esquema de drive-thru, por meio de dois pontos de coleta, com acesso pela Rua Barreto Leme, para receber doações de alimentos não perecíveis. Os produtos entregues serão encaminhados ao Banco Municipal de Alimentos, programa de arrecadação social da Ceasa Campinas.
Esse movimento é reflexo direto do impacto econômico dramático provocado pela pandemia do novo coronavírus. Sem emprego e sem renda, muitas famílias têm sido obrigadas a recorrer a doações. Os campineiros não têm virado as costas, ao contrário, têm mostrado o seu lado humano, engajando-se em campanhas oficiais ou em iniciativas não-governamentais.
Na base destes gestos, o desejo de ajudar o outro.
Desde o dia 22 de março, quando a campanha “Campinas Sem Fome” foi lançada, foram mais de 180 toneladas de alimentos distribuídas para cerca de oito mil famílias, beneficiando aproximadamente 31 mil pessoas. Ao todo, são mais de 30 mil famílias inscritas no programa CadÚnico e no aplicativo VivaVida, de Campinas, número que cresceu durante a pandemia. Na última sexta-feira, a Prefeitura estimava já ter arrecadado 270 toneladas de donativos.
Engajamento
Doadora permanente do Banco de Alimentos da Ceasa, a empresa Pastifício Selmi, dona da marca Renata e patrocinadora máster da equipe Vôlei Renata, já realizou a entrega de cinco toneladas de macarrão. “A Selmi está sensível pelas dificuldades enfrentadas pelas pessoas mais vulneráveis durante este um ano de pandemia. Entendemos que precisamos continuar fortalecendo essa parceria, principalmente para reduzir a queda das arrecadações por conta da falta de público nos jogos do Vôlei Renata. No ano passado, doamos duas toneladas de alimentos para o Banco de Alimentos e agora destinamos mais cinco. Com isso, a Selmi se aproxima ainda mais da comunidade, principalmente dos lares de quem mais está precisando de ajuda”, afirmou o diretor comercial da Selmi, Marcelo Guimarães.
“A gente tem certeza que esse balanço final da arrecadação vai ser muito positivo e muitas famílias poderão ser ajudadas”, afirma Vandecleya Moro.
De acordo com Vandecleya Moro, secretária de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos, a campanha “Campinas Sem Fome” está mostrando o melhor que o campineiro tem. “A gente sabe que a população campineira é muito generosa, então as expectativas desse fim de semana são muito grandes. A campanha chega a uma fase em que a população pode participar efetivamente, vindo até a Prefeitura para fazer a entrega. A gente tem certeza que esse balanço final da arrecadação vai ser muito positivo e muitas famílias poderão ser ajudadas. É importante frisar que essa dinâmica não é nenhuma ação populista. É algo muito bem organizado para fazer chegar a todos, evitando aglomeração e qualquer outra questão de risco” afirma. “Enquanto perdurar a pandemia, nós vamos continuar com a mobilização, inclusive fazendo outros Dias D”, explica a secretária.
A partir desta segunda-feira (12), a campanha “Campinas Sem Fome” continuará com 27 pontos de coleta espalhados pelas diferentes regiões da cidade. Os cidadãos podem deixar sua contribuição no saguão do Paço Municipal, na Câmara de Vereadores, Lagoa do Taquaral, Bosque dos Jequitibás, subprefeituras, Administrações Regionais (ARs), sede da Sanasa e na Ceasa.
Vacina contra a Fome
Na última segunda-feira (5), o governo do estado de São Paulo lançou a campanha “Vacina contra Fome”, com a ideia de transformar locais de vacinação contra a Covid-19 em pontos de arrecadação de alimentos. Com isso, as pessoas que forem se vacinar poderão levar um quilo de alimento não perecível, como arroz, feijão, macarrão e leite em pó.
Dentre os 20 municípios da Região Metropolitana de Campinas, Americana, Holambra, Hortolândia, Itatiba, Jaguariúna, Morungaba, Itatiba e Pedreira aderiram à iniciativa que atenderá famílias afetadas pela crise da pandemia.
Alta de insegurança alimentar
No fim do ano passado, estima-se que 55,2% dos lares brasileiros, ou seja, mais da metade, conviveram com algum grau de insegurança alimentar, o que corresponde a 116,8 milhões de pessoas. Nesse contexto, 9% dos domicílios sofreu insegurança alimentar grave. Em outras palavras, 19 milhões de brasileiros passaram fome, índice que representa o dobro em relação ao ano de 2009.
Os números pertencem ao Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, realizado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan). Os dados se referem aos três meses anteriores ao período de coleta, feita em 2.180 domicílios, em dezembro de 2020, durante o período em que o auxílio emergencial concedido pelo governo federal havia sido reduzido de R$ 600 para R$ 300.
Panela Cheia
Neste ano de 2021, 68% das pessoas que vivem em comunidades carentes no Brasil afirmaram que, em um período de duas semanas, faltou dinheiro para comprar comida em pelo menos um dia, de acordo com pesquisa da Central Única das Favelas (Cufa), entidade que está promovendo a campanha Panela Cheia. A iniciativa busca recursos para adquirir cestas básicas e direcioná-las às famílias mais afetadas pela fome. A meta é garantir a compra de 2 milhões de cestas para serem distribuídas em todo o País.