No próximo dia 15 de agosto a Casa da Criança Paralítica de Campinas inaugura a sua oficina ortopédica, um serviço inédito na região e que será uma das únicas no Brasil com o seu perfil. O evento será um dos destaques da programação de celebração dos 70 anos da Casa, fundada a 17 de janeiro de 1954.
Nestas sete décadas, a Casa ajudou a escrever uma das mais brilhantes páginas da história, recheada por muita luta, pela inclusão social das pessoas com deficiência no Brasil. De fato, não tem sido uma trajetória fácil, mas com um ingrediente comum a de outras importantes organizações sociais de Campinas: o sólido apoio comunitário.
Foi com um grande respaldo de atores sociais locais, como o Rotary Clube, que a instituição idealizada pelo Dr. Ernani Fonseca se viabilizou e floresceu.
Originalmente, a Sociedade Campineira de Recuperação da Criança Paralítica (seu nome original) foi pensada para cuidar das vítimas da poliomielite, que representava um grande desafio em saúde pública na época.
Depois, com o sucesso da vacinação contra a polio e os avanços da medicina em geral, o número de vítimas da paralisia infantil diminuiu. Entretanto, a Casa continuou a atender vítimas de outras síndromes.
As crianças que chegam à Casa recebem atendimento multidisciplinar, por equipes compostas de médicos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e outros profissionais. Especial atenção também é destinada às famílias, parceiras fundamentais na reabilitação dos/as usuários/usuárias.
Outro relevante eixo de trabalho é o pedagógico e educacional. Profissionais especializadas dão suporte pedagógico a usuários e usuárias, em grande parte inseridos/as no sistema regular de ensino. Esta foi uma meta permanente da Casa, a de inclusão das crianças e adolescentes em escolas regulares, para exercer o direito de cidadania à educação.
Outra meta é a da inclusão de jovens com deficiência no mercado de trabalho, para o exercício de outro direito, o do emprego e renda. Este ainda é um longo caminho a ser percorrido, mas a instituição continua firme em seu propósito.
Sempre buscando aprimorar os seus serviços, a Casa da Criança Paralítica criou a Oficina Locomover. Com o apoio da Fundação FEAC, foi estruturado um serviço para a reforma de cadeiras de rodas. Mais de 2 mil pessoas já foram beneficiadas desde o início de funcionamento da Locomover.
Agora um novo patamar, com a inauguração da oficina de órteses e próteses. Serão fabricados dispositivos que representarão um ganho significativo em mobilidade para outras milhares de pessoas.
Assim a Casa da Criança Paralítica de Campinas continua cumprindo sua missão com muita dignidade. Sempre atenta às inovações tecnológicas e avanços no conhecimento.
Durante a pandemia de Covid-19, a Casa cedeu suas instalações para um dos estratégicos postos de vacinação. Foi mais um exemplo da forte ligação com a comunidade.
Esta é uma das principais chaves para a sustentabilidade da ação social em uma cidade de porte metropolitano como Campinas. Raízes comunitárias, para que saborosos frutos sejam colhidos de forma abundante e permanente.
José Pedro Martins é jornalista, escritor e consultor de comunicação. Com premiações nacionais e internacionais, é um dos profissionais especializados em meio ambiente mais prestigiados do País. E-mail: [email protected]