A Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH) é a entidade representativa da Associação Médica Brasileira (AMB) para cuidar de uma das mais importantes especialidades médicas e com a responsabilidade crescente de promover o avanço e o bem-estar de nossos pacientes e especialistas.
O constante desenvolvimento científico nas várias subespecialidades de nossa grande especialidade exigiu que a ABHH, além de suas obrigações institucionais, gerenciais, jurídicas, representativas e corporativas, estabelecesse um modus operandi para organizar e harmonizar todas as ações no campo científico, educacional e regulatório (acesso e qualidade de acesso).
Tendo em vista esta enorme responsabilidade e dimensão de nosso trabalho, foram criados os Comitês Técnicos-Científicos para, de maneira continua e proativa, auxiliassem a diretoria executiva, o conselho deliberativo, e todo o staff de apoio às finalidades da ABHH em suas demandas e projetos.
São incríveis 24 Comitês, envolvendo centenas de colegas, atuando continua e simultaneamente neste apoio. A maioria deste Comitês é de caráter científico, mas alguns são fundamentais às políticas públicas e de educação em todos os níveis de propostas defendidas pela ABHH como os Comitês de “acesso a medicamentos, incorporações de tecnologias e desabastecimentos”, “ética e legislação”, “pesquisa clínica” e ao suporte aos “programas de residência médica”.
Temos ainda, estimulado o multiprofissionalismo, como desenvolvido pelos Comitês de odontologia e do grupo de citometria de fluxo. O Comitê de transplante de medula óssea e terapia celular, além de seu trabalho mais tradicional e convencional, teve um grande impulso nestes últimos anos com o protagonismo em termos técnicos, científicos, estruturantes, formador de profissionais e grupos de interesse científico para este enorme desafio assistencial e regulatório da introdução da terapia com as Car-T-Cells em nosso país.
Importante salientar, que todas as áreas do conhecimento dentro da Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular têm sua representação em algum Comitê de modo que o trabalho possa ser equalizado e desenvolvido de maneira sincrônica e que as prioridades nas várias áreas possam ser acolhidas e desenvolvidas de maneira organizada com a melhor estratégia de sucesso.
Os Comitês têm sido fundamentais ao sucesso de ações da ABHH. Poderia citar como exemplo o Comitê de acesso onde 12 Comitês participaram contribuindo decisivamente no aconselhamento e endosso dos registros de medicamentos da Anvisa, nas submissões à Comissão de Incorporação de Tecnologias do SUS (Conitec) e na Agência Nacional de Saúde (ANS).
Um programa de absoluta prioridade à ABHH é de “Equidade e Essencialidade” onde 16 Comitês contribuíram de modo decisivo apontando aos diretores e aos conselheiros as mais importantes necessidades e direções a serem seguidas. Este foi um trabalho belíssimo, feito em curto espaço de tempo, e que fortaleceu esta bandeira que veio para ficar em apoio a nossos pacientes.
No campo do ensino de extensão, os Comitês participam ativamente no sucesso de nosso Congresso, o HEMO, dando indicações, sugestões de nomes e temas garantindo o extraordinário sucesso de nosso congresso anual, mesmo durante o período de pandemia que nos afastou, mas não impediu que estivéssemos juntos e avançando em nosso conhecimento e prática.
Os Comitês têm sido fundamentais na elaboração e aplicação da prova de título de especialista em hematologia, hemoterapia e terapia celular da AMB e das provas de proficiência em várias áreas técnicas de nossa especialidade. Isto é fundamental para ampliarmos nosso quadro de especialistas e profissionais preparados e garantirmos a perenidade e qualidade científica e assistencial.
Destaco ainda o trabalho dos Comitês junto às ligas acadêmicas que atrai jovens estudantes para nossa especialidade bem como o programa “Sangue Jovem” de apoio ao trabalho de mobilização e motivação da sociedade às doações de sangue e componentes. A ABHH, durante a pandemia de SarsCov2/Covid-19 cresceu dramaticamente em ações remotas e que não mais desaparecerão e onde os Comitês deram suporte e conteúdo.
Foi assim nos “webinars” que foram e têm sido feitos amiúde para trazer discussões e temas de relevância em nossa especialidade. Outra atividade de sucesso onde os Comitês trabalharam em sua criação, inserção de conteúdos e estruturação e que são periodicamente atualizados é o “HEMO-EDUCA”; cursos à distância que possibilitam aos profissionais acesso aos conteúdos científicos atualizados e disponíveis a qualquer momento. E, finalmente, a ABHH criou uma instância de apoio aos pacientes e suas famílias a partir a série “Hemo em família”, que está dentro de nosso canal do Hemo Play Podcast, e cujo o conteúdo é de responsabilidades dos Comitês.
Assim, de maneira muito sumária e objetiva, demonstramos a importância e o papel nuclear dos Comitês no dia a dia de uma entidade médica afiliada à AMB. Este é um processo dinâmico e haverá sempre uma constante evolução deste trabalho. A força da sociedade em seus avanços na saúde depende muito deste trabalho voluntário e competente dos nossos especialistas.
Carmino Antônio De Souza é professor titular da Unicamp. Foi secretário de saúde do estado de São Paulo na década de 1990 (1993-1994), da cidade de Campinas entre 2013 e 2020 e Secretário-executivo da secretaria extraordinária de ciência, pesquisa e desenvolvimento em saúde do governo do estado de São Paulo em 2022.