A Câmara de Campinas vai apurar o envio de um e-mail com ameaças de morte, xingamentos homofóbicos e pedido de renúncia à vereadora Paolla Miguel (PT). A mensagem foi enviada aos e-mails dos vereadores e da ouvidoria, por volta das 5h desta segunda-feira (6). A presidência do Legislativo pediu maior reforço na segurança do entorno e durante das sessões, além de investigação por parte da Polícia Civil.
O conteúdo do e-mail também promete “um massacre” no legislativo caso Major Jaime (União), Permínio Monteiro (PSB), Higor Diego (União), Cecílio Santos (PT) e Guida Calixto (PT) não renunciem aos mandatos. Os vereadores citados são negros.
A mensagem foi enviada com o título “EU VOU MATAR A VEREADORA PAOLLA MIGUEL E FAZER UM MASSACRE NA CÂMARA” e é assinada por Ricardo Wagner Arouxa – nome de um analista de sistemas que vem sendo usado de maneira indevida e criminosa para atacar políticos em diversas partes do Brasil, desde 2017. Os textos, em todas as ocorrências, fazem insultos racistas e LGBTfóbicos.
Um dos trechos do e-mail o criminoso faz a seguinte ameaça: “(…) Mas eu juro que se você não renunciar ao mandato vou comprar uma pistola 9mm no Morro do Engenho, aqui no Rio de Janeiro, e uma passagem só de ida para Campinas e vou te matar”.
E prossegue: “Depois de meter uma bala na sua cara e matar qualquer um que estiver junto com você, vou jogar gasolina no seu corpo imundo e atear fogo, vou matar todos os vereadores (exceto Nelson Hossri), assessores e qualquer um que eu encontrar no caminho, botar fogo no prédio e meter uma bala na minha cabeça”.
Em nota, a Câmara de Campinas informou que elabora uma representação, subsescrita pelos parlamentares citados no e-mail, ao Deinter (Delegacia do Interior) 2, solicitando investigação para apurar os fatos.
Além disso, vai pedir reforço na segurança no entorno e nas atividades internas programadas para o legislativo, além de maior rigor no acesso e no credenciamento de populares ao plenário.
A presidência da Câmara de Campinas disse que “repudia veementemente esses atos criminosos que incitam a violência e provocam o ódio com risco à integridade física dos parlamentares ou do patrimônio da sede do Poder Legislativo”.
Paolla é alvo de CP
Paolla Miguel foi às redes sociais para expressar sua consternação diante de “uma gravíssima ameaça contra nossas vidas”.
“Embora a situação exija muita frieza e atenção da nossa parte, não estou exatamente surpresa com isso. Uma denúncia infundada foi realizada recentemente na Câmara contra nosso mandato citando informações manipuladas e de caráter LGBTfóbico – que partiu da extrema-direita de Campinas. Já reiterei por diversas vezes na Câmara que normalizar as atitudes da extrema-direita no Plenário não é bom para Campinas, para o parlamento e muito menos para a saúde da nossa democracia. Essa normalização, no limite, empodera e encoraja grupos de ódio que cometem atitudes de ameaça como essa”, escreveu.
A vereadora Paolla é alvo de uma Comissão Processante (CP) que apura uso de verba parlamentar para patrocínio de uma festa, onde ocorreram cenas de nudez e sexo explícito. A comissão se reuniria nesta segunda-feira para encaminhamentos de documentações, mas foi suspensa diante das ameaças.
“Recebemos agora há pouco ameaça de morte juntamente com outros vereadores negros desse parlamento. A mensagem chegou hoje no e-mail institucional da Câmara Municipal de Campinas, horas antes da reunião da Comissão Processante. Estamos tomando medidas judiciais cabíveis diante dessa ameaça de massacre contra os vereadores negros”, divulgou em nota, a vereadora Guida Calixto (PT), presidente da CP.
A vereadora tem até o dia 13 de maio para apresentar a defesa prévia à comissão formada pela presidente Guida Calixto (PT), o relator Gustavo Petta (PcdoB) e Edvaldo Cabelo (PL).