Nesta terça-feira (20), comemora-se o Dia Nacional do Disco de Vinil, em homenagem a esse artefato pulsante que remete ao século passado, mas resiste nos tempos modernos em função da nostalgia, qualidade e encanto.
De acordo com relatório da Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), divulgado no último mês de março, houve um aumento de 23,5% no faturamento global de discos de vinil em 2020, ano marcado pelo início da pandemia de Covid-19. O índice é superior ao crescimento de 18,5% do streaming, atualmente responsável por 62,1% da receita mundial de música, com 443 milhões de assinantes em plataformas digitais como Spotify, Apple e Deezer. O CD, no entanto, segue em queda livre e registrou queda de 11,9% nas vendas em todo o mundo.
No ano passado, o mercado fonográfico brasileiro registrou aumento de 24,5% na renda com músicas gravadas, superior à alta mundial de 7,5%, segundo a pesquisa da IFPI.
Trata-se da maior elevação nacional nas últimas duas décadas, impulsionado pelo crescente fluxo de mídia, ainda mais acentuado durante a pandemia. Nesse contexto, o mercado de discos de vinil se mantém aquecido, apesar das dificuldades impostas pela tecnologia.
De acordo com Gilberto de Almeida, um dos sócios do Sebo Casarão, na região central de Campinas, o disco de vinil é um material que desperta vontade de colecionar, além de reproduzir som superior ao de outras mídias. “Em primeiro lugar, o disco de vinil é um material colecionável, o que não acontece com outros. Você até pode colecionar CDs, mas com um bom computador você pode fabricar o seu próprio CD. Já o disco de vinil é uma coisa que você tem que ralar para encontrar em bom estado e com uma capa boa. A arte gráfica das capas é algo único, não dá para comparar com a capa de um CD. A capa de um disco é um trabalho artístico. Além disso, o som do vinil é superior ao som do CD, mas isso se você tiver um disco em bom estado e um aparelho muito bom. Não adianta pegar um disco muito usado e colocar em um toca-discos de maletinha, aí você não estará medindo nada”, explica.
Segundo Almeida, a era digital trouxe mais praticidade ao ato de ouvir música, mas a experiência proporcionada pelo disco de vinil ainda se mantém inigualável. “Nada contra o moderno, que é mais prático e você pode colocar um pen drive no bolso e carregar mil discos, mas o disco é mais prazeroso, você tem que cultuar e preparar uma situação para ouvir. Sentar, ligar o aparelho e pegar a capa é um prazer muito maior do que simplesmente soltar um monte de músicas no pen drive. Hoje em dia, os discos de vinil estão sendo feitos com uma tecnologia muito maior. Os discos importados de 180 gramas são de excelente tecnologia”, aponta.
Em junho do ano passado, em virtude da crise econômica provocada pela pandemia, o Sebo Casarão deixou o antigo sobrado em que estava instalado havia 15 anos na Rua Sacramento, 190. Desde outubro, funciona em um ponto menor, com aluguel mais baixo, na Rua Barreto Leme, 994, próximo à Avenida Francisco Glicério. O horário de funcionamento é de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 13h.
“Trabalhar nessa área é um sonho de criança. Antes de começar a estudar, eu era apaixonado por música e andava com discos debaixo do braço. Apesar de ter formação química e trabalhar 30 anos em fábrica, eu sempre tive esse projeto em mente e acabou dando certo”, conta Almeida, que possui um catálogo de cerca de 60 mil discos à venda de forma presencial e virtual.
Com 20 anos de história, a Riva Rock Discos, também situada no centro de Campinas, constatou um aumento nas vendas de discos de vinil neste período de pandemia. “Por conta da pandemia, trabalho com estoque da minha coleção, ou seja, além dos LPs da loja, também vendo os meus, caso precise”, afirma o dono do estabelecimento, Erivaldo Cardoso dos Santos, o Riva, que possui um acervo de 5 mil vinis de estilos variados, como rock, jazz e música brasileira.
“Apesar de milhares de lojas on-line, a gente depende de ter discos suficientes para atender nossos clientes, que são muitos. A loja sobrevive há mais de 20 anos por ter esse poder de captação, além do conhecimento, ensinamento e divulgação dos estilos musicais”, aponta Riva.
Fundada em 2000, inicialmente no Shopping Andorinha, a Riva Rock Discos está instalada desde 2003 na Rua Luzitana, número 1.498, na esquina com a Rua Barreto Leme, a uma quadra da Prefeitura de Campinas. Com a reabertura do comércio com horário reduzido, a Riva Rock está funcionando de segunda a sexta-feira, das 11h às 18h, e aos sábados, até as 14h.
À espera do fim da pandemia
Uma das mais tradicionais lojas de discos de Campinas, com ênfase no rock dos anos 50 e 60, a Hully Gully está temporariamente com as portas fechadas, mas promete voltar à ativa quando a situação da pandemia permitir. “Estou atualmente aguardando os acontecimentos gerados pela Covid-19 e quando tivermos condições melhores de trabalho, voltaremos no mesmo endereço. A Hully Gully cumpre seu papel de levar não só a boa música, mas matar a saudade dos bons tempos”, destaca Osny.
Inaugurada em novembro de 1989, na Galeria Barão Velha, a Hully Gully localiza-se na Rua Dr. Quirino, 1156, desde 1992. “Com a saída da Putz Som, somos a segunda loja mais antiga de Campinas, atrás apenas do Sebo & Lojão”, revela Osny.