Enquanto dava minha aula de Filosofia em uma escola estadual, pude ouvir de um aluno, aparentemente frustrado, que ele não via sentido nessa pressão sem limites que lhe era imposta, pressão por ser o melhor filho, o melhor aluno, o melhor… Sempre o melhor, uma forma de competição criada para alguns poucos se beneficiarem em detrimento da saúde física e emocional de muitos. Ele comentava ainda que seus pais pregavam a tal busca pelo sucesso, e queriam que ele “chegasse lá”.
Mas afinal o que é “chegar lá”?
Provocações feitas; peço a sua atenção e companhia para juntos refletirmos sobre tais posicionamentos. Pois bem, não estou aqui para crucificar os pais do aluno em questão, muito menos os seus professores. Creio que ambos sejam vítimas de todo um sistema que apenas vangloria o primeiro lugar, aquele que ganha a medalha de ouro. Ninguém quer a prata, ninguém se lembra do segundo colocado, do segundo lugar, e essa é uma cultura absolutamente normal se você parar para dialogar com o chamado senso comum.
O que não se questiona é o porquê de isso ser assim. Quem foi o filho da mãe que inventou essa história de chegar lá? De ter sucesso material, de conquistar o primeiro lugar?
Seria algo inato do ser humano desejar ser o melhor? Desejar a atenção, a segurança?
Buscar ser o melhor exige disciplina, ambição, consistência, competição, entrega, dentre tantos outros fatores que são altamente saudáveis para grandes empresas e empresários.
Muito se ganha por detrás da cortina do chamado sucesso, muitos ganham enquanto nós buscamos chegar lá… É triste dizer, mas o próprio mercado da autoajuda acaba por estimular essas conquistas, dizendo que isso sim é felicidade, inclusive oferecendo métodos para facilitar sua corrida, é de cortar o coração.
O que é chegar lá? E por que temos que ser os melhores naquilo que fazemos? Tema delicado que infelizmente poucos estão abertos a discutir. É dificílimo encontrar bons argumentos para expor o que se pensa sobre, a maioria apenas vêm com frases feitas reproduzidas culturalmente.
Essa tal corrida só tem a nos oferecer doenças, isso sim!
Se eu puder acrescentar nessa discussão um ponto que considero importante é o da comparação. Tome cuidado ao se comparar com os demais, pois cada indivíduo tem uma vida, seus valores, suas qualidades, suas rotinas, facilidades, defeitos…
Vá, mas vá no seu tempo, e na direção que melhor se sentir bem. Eu sei que quando se é menor de idade será difícil criar uma autonomia, mas pense com carinho em como usá-la ao completar seus 18 anos, antes de sair por aí se matriculando em qualquer faculdade, ou fazendo/ tendo filhos sem o menor cuidado. Digo isso, pois ouço de muitas pessoas que, se fossem livres e desimpedidas, fariam tudo diferente.
Portanto lhe alerto: a vida não é uma corrida, a vida é algo que você faz com ela, você e ninguém mais, a não ser que você deixe e queira a interferência de terceiros nela. Vá, mas vá no seu tempo!
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)