Icônica e considerada um dos maiores tesouros da humanidade, a Capela Sistina é uma maravilha que encanta e intriga os amantes das artes há séculos. Inaugurada em 9 de agosto de 1483, ela fica no Vaticano, em Roma. Peritos a classificam como uma das mais famosas obras da história e uma das maiores relíquias da Santa Sé.
É este patrimônio mundial que estará em cena, de forma especial, na abertura do ano acadêmico de 2024 da Academia Campinense de Letras (ACL), nesta segunda-feira, dia 11 de março.
A sessão literária, que começa às 19h30, contará com a palestra “A arte secreta de Michelangelo – Uma lição de anatomia na Capela Sistina”. Ela será proferida pelo acadêmico, médico e escritor Gilson Barreto. O autor pesquisou e descobriu códigos ocultos nos afrescos do teto da Capela Sistina com peças anatômicas escondidas nas cenas bíblicas, com pistas do artista sobre a localização das peças.
A Capela Sistina faz parte do Palácio Apostólico, residência oficial do papa. A arquitetura é inspirada no Templo de Salomão do Antigo Testamento e decorada com afrescos pintados pelas maiores expressões artísticas da Renascença: Michelangelo Buonarroti, Rafael Sanzio, Gian Lorenzo Bernini e Sandro Botticelli.
“A Arte Secreta de Michelangelo” está completando 20 anos e foi um best-seller no Brasil – vendeu cerca de 70 mil exemplares, segundo o autor. O título permaneceu por 19 semanas como um dos mais vendidos na lista da revista Veja.
“Um livro de arte que traz uma leitura da Capela Sistina em função da anatomia, e nós vamos direcionar a palestra em função desse livro”, afirma Gilson Barreto ao Hora Campinas. A obra também é assinada pelo químico Marcelo Ganzarolli de Oliveira.
Sobre a palestra
O escritor Gilson Barreto afirma que a palestra vai contar o “momento histórico do Renascimento, do qual Michelangelo está incluído, e tentar elucidar, hipoteticamente, o motivo pelo qual ele desenhou essas imagens anatômicas no teto da capela”. O autor salienta que “cada cena da Capela Sistina possui uma imagem anatômica oculta dentro da cena, porém essa imagem é denunciada pela iconografia da cena”. E prossegue: “O Michelangelo coloca os personagens em movimento denunciando a peça anatômica que ele vai mostrar, e além disso, existe uma parte pictórica, onde existem spots de luzes no local onde a peça anatômica está desenhada”.
“Existe uma bula papal que proibia a dissecção de cadáveres desde o ano 1.304 – uma bula papal de Bonifácio IV. Era proibida a violação de cadáveres naquele momento, mas em Florença, com a família Médici, com a Escola de Belas Artes na qual Michelangelo faz parte, haviam muitos médicos que ensinavam anatomia para que os artistas reproduzissem as imagens anatômicas com maior perfeição nas suas obras, tanto na escultura como na pintura”, recorda o palestrante.
“O Michelangelo faz parte desse contexto e ele não queria pintar o teto da Capela Sistina. Ele era escultor, detestava pintar. Michelangelo achava a pintura uma arte menor do que a escultura, porque requeria precisão do início ao fim. Há todo um contexto histórico de desagrado em relação a essa obra, até que ele assume o trabalho efetivamente e apresenta o projeto dele – onde ele coloca toda a ideia que nós estamos revelando no livro.”
Paixão pelas artes
“A paixão é pela anatomia humana. Fiquei na Unicamp, em todo meu curso de graduação dentro do Departamento de Anatomia, e hoje, depois de mais de 30 anos de formado, continuo no departamento, como visitante, curioso e sempre aprendendo ainda. Sou cirurgião, e cirurgia não deixa de ser uma arte manual, não é? Nada mais é do que uma escultura no corpo humano, um serviço artesanal, manual”, argumenta Barreto, que é MD, cirurgião de cabeça e pescoço, com experiência em diagnóstico de tumores e cirurgias oncológicas.
“Já fizemos várias curadorias para artistas aqui em Campinas. A gente tem pintores como Mario Bueno, Thomaz Perina, Dimas Garcia, Píndaro Zerbinatti, e muitos que estão na ativa, como Vanderlei Zalochi, Márcio Rodrigues, temos pintores fantásticos em Campinas e a gente faz curadoria para todos eles”, complementa.
Convite da ACL
“Eu sou membro da cadeira 21 da Academia Campinense de Letras, com muita honra em poder participar da academia. Me intitulo um aprendiz, pois são pessoas extremamente cultas, apaixonadas pela arte e pela literatura, o que hoje em dia é muito raro. Estamos abrindo a Academia para as escolas públicas e privadas para os alunos participarem e ouvirem pessoas de conhecimento altíssimo”, enfatiza, elogiando a direção da ACL.
“E o professor Jorge Alves de Lima, grande amigo e confrade, me deu essa honraria em fazer essa palestra inaugural do ano de 2024. Fico extremamente honrado e feliz”.
Programação
19h30: Abertura: presidente Jorge Alves de Lima
20h: Palestra sobre a obra do autor Gilson Barreto
21h: Momento Musical e Coquetel a seguir