O presidente Jair Bolsonaro (PL) saiu maior do que entrou da janela para troca de partidos, encerrada na última sexta-feira (1). Isso porque o resultado foi o aumento das bancadas das legendas que o apoiam, tanto no Congresso quanto nos estados. Dessa forma, ganha tração uma das estratégias mais importantes para o projeto da reeleição: a construção de palanques fortes nas regiões Sul e Sudeste.
Na primeira, o peso do bolsonarismo é grande, mas, na segunda, nem tanto. É sobretudo nelas que o presidente pretende compensar algumas dificuldades, como, por exemplo, a de tirar votos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Nordeste — onde o PT desfruta de ampla vantagem.
Sul e Sudeste, sozinhos, reúnem aproximadamente 82 milhões de votos e 55% do eleitorado, além de concentrarem os maiores colégios eleitorais do País — São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
O foco do presidente é construir uma rede capilarizada que comece no Rio Grande do Sul e venha subindo. Sérgio Praça, cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), observa que o presidente tem procurado estreitar as pontes lançando candidatos não apenas para abrir caminho para a campanha, mas, também, defendê-lo nos debates.
“Nessa eleição, Bolsonaro vai ser uma figura central nos pleitos estaduais por ser polêmico, determinar em grande medida a agenda pública sobre o que as pessoas conversam. Ele tem procurado ter candidatos que o defendam em todos os estados, mas no Sul e no Sudeste é mais bem avaliado. Assim, aproveita os momentos de pico de popularidade para ir para onde é menos querido”, aponta.
Mais fortes nas estaduais
O PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, e a União Brasil foram as legendas que mais se fortaleceram para as disputas de governos estaduais na janela partidária, prazo para que políticos com mandato mudem de sigla sem sofrer punições. Com o encerramento do prazo para mudança de partido nesta sexta-feira (1), o PL passa a ter 15 pré-candidatos governador e a União Brasil chega a 13 postulantes a governos estaduais.
O PL terá candidatos próprios em 8 dos 10 maiores colégios eleitorais do País, apoiando nomes de partidos aliados em São Paulo e Ceará.
As candidaturas mais competitivas do novo partido de Bolsonaro, dentre os maiores estados, estão no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. A despeito de ter sido a legenda que mais perdeu deputados federais durante a janela partidária, a União Brasil conseguiu atrair para os seus quadros pré-candidatos a governador considerados competitivos.
Criado no fim do ano passado a partir da fusão entre o PSL e Democratas, a legenda terá a maior fatia do Fundo Eleitoral entre os partidos brasileiros, com cerca de R$ 1 bilhão para gastar no pleito deste ano. Dos 13 nomes que vão concorrer pelo partido a governos estaduais, 8 não são oriundos de DEM e PSL e chegaram à legenda após a fusão. Dentre eles está o governador do Amazonas, Wilson Lima, que deixou o PSC para concorrer à reeleição em seu estado pela União Brasil.
Também estão entre as novidades nomes como o do senador Reguffe, que deixou o Podermos e deve concorrer ao governo do Distrito Federal, e o deputado federal Felipe Rigoni, que chegou à Câmara em 2018 amparado pelos movimentos de renovação e é pré-candidato a governador do Espírito Santo.
Edição de Chico Bruno/Time Carlos Brickmann