Após a convulsão nos mercados provocada pela manobra para alterar o teto de gastos e a subsequente debandada de seus secretários, o ministro Paulo Guedes, da Economia, defendeu o artifício que permitirá ao presidente Jair Bolsonaro turbinar o programa que é sua bandeira eleitoral.
“Não vamos deixar as pessoas passarem fome para tirar 10 no fiscal”, disse Guedes.
As declarações refletiram nos mercados, levando a bolsa a inverter a queda e o dólar a passar a cair. Na semana, a Bolsa acumulou queda de 7,28%. O dólar subiu 3,12%. O drible, que mudou a fórmula de calcular o teto fiscal e aumentou em R$ 83 bilhões o limite de gastos vai financiar o Auxílio Brasil.
Depois da crise aberta em torno do descontrole fiscal, e de se reunir com o presidente, Guedes indicou que o governo calibrará a austeridade fiscal: “Nós preferimos um ajuste menos intenso e um abraço social um pouco mais longo”. O novo programa substitui o Bolsa Família, marca do ex-presidente Lula, rival de Bolsonaro em 2022.
O ex-ministro Esteves Colnago assumirá a Secretaria Especial do Tesouro e Orçamento no lugar de Bruno Funchal. Paulo Valle será o novo secretário do Tesouro, posto que era de Jefferson Bittencourt.
O embate na Economia não terminou. A avaliação de diversos economistas que conhecem o funcionamento da política é a de que o ministro da Economia, Paulo Guedes, continuará sob fogo cruzado e que o furo no teto de gastos abrirá a porteira para outras despesas.
Guedes, porém, conquistou o apoio do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que hoje avalia ser muito melhor a permanência do chefe da Economia, que já aceitou os R$ 400 de valor mínimo para o Auxílio Brasil, do que outro que chegue colocando banca e tentando fisgar os valores das emendas ao Orçamento.
Outro que também tem essa visão é o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Já a turma mais ligada ao ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, já classificado por Guedes no passado como um “fura-teto”, não desistiu.
Até aqui, porém, nenhum dos que tentam desestabilizar Guedes encontrou alguém que aceite substituir o ministro nessa situação difícil em que o País se encontra.
Por Chico Bruno/Carlos Brickmann