O ex-presidente do partido NOVO, João Amoêdo, que já foi candidato à Presidência da República, provocou polêmica neste final de semana ao anunciar seu apoio no segundo turno ao presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. O NOVO sempre foi identificado com pautas liberais, mais à direita. Sua plataforma política tem sido bastante crítica ao PT, à visão de Estado do partido e aos escândalos de corrupção que ocorreram nos governos petistas. O atual candidato da legenda ao Planalto, Felipe D’ávila, manteve tom bastante crítico a Lula no primeiro turno – no rádio, na TV e nos debates.
Por isso, o apoio de Amoêdo, banqueiro, engenheiro e administrador, gerou muito desconforto entre os integrantes da legenda.
O vereador do NOVO em Campinas, Paulo Gaspar, foi duro nas redes sociais. Ele apontou incoerência de Amoêdo. Em sua página no Intagram ele postou o seguinte texto:
“É absolutamente incoerente e lamentável a declaração de voto de João Amoêdo em Lula, que sempre apoiou e financiou ditadores e protagonizou os maiores escândalos de corrupção da história. Seu posicionamento não representa o Partido NOVO e vai contra tudo o que sempre defendemos”, pontuou o vereador.
“A triste declaração constrange a instituição, que se mantém coerente com seus princípios e valores e reforça que Amoêdo não faz mais parte do corpo diretivo do partido desde março de 2020. Apoiar aqueles que aparelharam órgãos de Estado, corromperam nossa democracia e saquearam os cofres públicos é fazer oposição ao povo brasileiro”, acentuou.
“O NOVO sempre foi e sempre será oposição ao lulopetismo e tudo que ele representa”, finalizou o vereador.
Nas redes sociais, Felipe D’Ávila foi categórico. “Pega o boné e vai embora”, afirmou neste sábado. Outros dirigentes defenderam a expulsão do ex-presidente do partido.
O que diz Amoêdo
Na justificativa para defender o voto em Lula, João Amoêdo bateu na tecla da democracia e ressaltou que Jair Bolsonaro (PL) representa um grave risco ao sistema de pesos e contrapesos da sociedade brasileira. “Os fatos, a história e o resultado do primeiro turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior”, afirmou o banqueiro. Sua entrevista foi dada à Folha de S. Paulo.
Amoêdo admitiu que jamais poderia imaginar que daria apoio, em algum dia na vida, a Lula. Nas redes sociais do vereador campineiro, o tom das críticas foi similar ao de D’Ávilla.
Apoios a Lula
Nesta reta final do segundo turno, o candidato petista tem recebido sucessivos apoios de lideranças da sociedade alinhadas com a defesa da democracia e com o equilíbrio das instituições.
Magistrados, políticos, intelectuais, artistas e expoentes da vida nacional estão apoiando Lula. Eles argumentam que Bolsonaro é um risco à democracia por seu comportamento bélico, falas golpistas e arroubos autoritários.
Nos agregadores de pesquisas, Lula aparece à frente de Bolsonaro faltando duas semanas para o segundo turno.