Os evangelistas mencionam que às vezes Jesus deixava o grupo de seus seguidores mais próximos para rezar a sós. Do mesmo modo, meditava sobre a sua missão recebida do Pai. Cristo revelou que Deus é nosso Pai e tudo o que pedisse seria concedido, por mais difícil que fosse, como sucedeu com a ressurreição de Lázaro, que estava no sepulcro há 4 dias e cheirava mal (Jo 11,41-43).
No mesmo sentido, falou aos seus discípulos: “Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e a porta vos será aberta; pois todo o que pede recebe; o que procura encontra. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? Ou lhe dará uma cobra, se este lhe pedir um peixe? Ora, se vós que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedem” (Mt 7,7-11). O Reino de Deus pertence àqueles que o pedem. Deus se deixa encontrar por quem o busca com sinceridade.
A oração nos coloca em contato com Deus. Os teólogos a definem como a elevação da alma e do coração até Deus.
Santa Tereza do Menino Jesus afirma que a oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria. No Antigo Testamento, a primeira menção da oração dirigida a Deus aparece quando Enós começou a invocar o nome de Deus, (Gen 4,26); depois, Abraão orou a Deus pedindo que poupasse a cidade pecadora, (Gn 18,23-33). Nos dois Testamentos, o Senhor promete ouvir nossas orações, (Dt 4,7; Lc 11,5-13).
A oração é meio eficaz de se conseguir coisas boas e até extraordinárias. Essa assertiva é reconhecida inclusive por pessoas com pouca fé. Seguindo as palavras de Jesus, nossa oração deve brotar do coração, não da vaidade, (Mt 6,5-8): quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora a teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê nos lugares ocultos, recompensar-te-á; deve ser humilde como a do publicano, e ser confiante e perseverante.
A humildade, juntamente com a fé, é o fundamento da oração.
O Salvador deixou claro que tendo fé em Deus, se alguém disser a um monte: ergue-te e lança-te ao mar, e não duvidar no coração, mas crer que o que diz se realiza, assim acontecerá. Por isso, vos digo: tudo quanto suplicardes e pedirdes, crede que receberdes, assim será para vós (Mc 11,22-24). É uma promessa ampla de Jesus, porém, ele é misericordioso e tudo faz para que todos sejam salvos. Tanto que em suas últimas palavras na Cruz manifestou o seu perdão aos seus algozes, “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Essa é a principal razão de ter sido enviado ao mundo, passando pelo calvário, mas ressuscitando no terceiro dia, em sua Humanidade Glorificada.
Para rezar não necessitamos de um lugar específico. Embora a Igreja, casa de Deus, seja o lugar adequado para a oração litúrgica da comunidade paroquial. Cada cristão pode elaborar local e horário para orar. Por exemplo, o período de ida e volta do trabalho pode ser uma opção. Há muitas pessoas que utilizam o meio mencionado. Dessa forma, possuem grande parte do dia para dialogar com Deus. Esclarece-se que o respeito às determinações da Igreja são indispensáveis, como participar da missa de preceito e receber os sacramentos.
A oração em família também é útil e fortalece a união de seus membros. Nesse sentido, a oração pode ser privada ou pública, conforme seja oferecida em nome de um indivíduo ou de uma coletividade.
A oração pública feita em nome da Igreja, por seus representantes oficiais, chama-se litúrgica. Deus ouve a oração sincera e sempre responde ou atende a petição desejada ou, ainda, concedendo alguma outra coisa que sabe ser de maior utilidade para o suplicante.
São muitas as formas de oração, como a leitura, o conhecimento e a praticar o que consta da Sagrada Escritura, sobretudo no Novo Testamento. Jesus adverte que nem todo aquele que me diz “Senhor, Senhor entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que pratica a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
As preces que fazemos no cotidiano não asseguram nossa salvação, que é o nosso objetivo primordial. Porém, a comunhão com Deus, que é sustentada pelas orações, deve expressar nossa adesão, sem reserva, aos ensinamentos de Nosso Senhor, em todas as nossas ações e atitudes. Só orar não é tudo!
Wilson Cesca é advogado, agente de pastoral na Paróquia Santa Rita de Cássia e membro da Academia Campineira de Letras e Artes, em Campinas.