Aproveitamos as efemérides para aprender um pouco mais sobre a história e aprimorarmos argumentos para sua conservação. No caso, Janete Clair, a dama da teledramaturgia, completaria 100 anos em abril deste ano. Por mais que sua obra tenha sido representada na forma de novelas, algumas reprisadas e disponibilizadas para colecionadores em compilados e DVDs, a obra principal parece ficar restrita a arquivos ou mesmo evaporada em imagens já não mais existentes.
A importância cultural básica é o texto escrito dos roteiros. Uma vez feito, deveria ser usufruído por todos, por mais que a interpretação ausente da autora leve a outras obras. Não creio que interferiria no direito autoral ou mesmo seria plágio, questões já abordadas aqui.
Penso mais naqueles que se prontificariam a ter contato com o material bruto e original para saber de sua evolução. Não apenas em relação à obra teatral ou televisiva, mas há material que sequer é tornado disponível, como os de revistas Veja e CartaCapital, ainda veiculadas na forma impressa, e outras semanais, que poderiam ficar disponíveis para o público a partir de uma data, uma vez que é diminuído o interesse no colecionismo. Elas se transformam rapidamente em matéria velha, às vezes até antes de saírem editadas. Os grandes jornais ainda são juntados em hemerotecas, apesar de apenas quem possui assinatura tem acesso às edições correntes.
Voltando à dama das novelas, são justas e necessárias as homenagens promovidas a Janete Clair, ainda que incompletas: não incluem a publicação de suas novelas engavetadas pelo SBT, por exemplo.
Sabemos que muitos textos são datados, difíceis de serem produzidos nos dias de hoje, mas conhecer o que esse gênio da dramaturgia produziu contribuiria para a história da televisão brasileira.
Adilson Roberto Gonçalves, pesquisador da Unesp, membro da Academia de Letras de Lorena, da Academia Campineira de Letras e Artes, da Academia Campinense de Letras e do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de Campinas.