Um tema de extrema relevância ressurge na cena artística e cultural paulista em um momento em que as questões relacionadas às causas indígenas pedem uma ampla discussão na sociedade. O artista Lumumba Afroindígena retoma sua exposição “Imersão” quatro anos depois de sua primeira montagem, que ocorreu em 2018 na Matilha Cultural, na capital paulista, levando-a para a Casa de Cultura Tainã, em Campinas, onde poderá ser vista pelo público entre esta sexta-feira (18 de março) e o dia 3 de abril.
A escolha da Casa de Cultura Tainã ocorreu, de acordo com a produtora Rita Teles, do Núcleo Coletivo de Artes, pelo fato de “Imersão” ter sido contemplada por um edital do Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac), promovido pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, que acolheu a proposta de fomentar a instalação da exposição em Campinas e Ilhabela, com permanência de duas semanas em cada cidade.
Além da mostra em si, estão previstos workshops sobre grafismo indígena e palestras que pretendem traçar um paralelo entre a linguagem estética do artista norte-americano Jean-Michel Basquiat (1960-1988) e as expressões culturais do Xingu. Também serão promovidas rodas de conversa com convidados e público para discussão de questões relacionadas às temáticas indígena, quilombola e preta.
Em relação à escolha da Casa de Cultura Tainã, Rita afirma que se trata de um local de resistência negra localizado na Vila Padre Manoel da Nóbrega, uma área de concentração populacional de aproximadamente 50 mil habitantes, abrigando grande parte da população negra do município. Para Lumumba, levar suas obras para Campinas ainda tem outro significado: “Foi a última cidade brasileira a abolir o comércio de braços humanos, a escravatura”. Quanto à instituição que acolherá a mostra, afirma, em sintonia com Rita, que é composta por pessoas que acreditam que, por variadas ações, é possível contribuir para mudar o mundo. Uma postura, segundo ele, que se alinha ao propósito de seu trabalho: curar o planeta por meio da arte.
“Sem dúvida, é uma honra muito grande para nós receber Lumumba e sua obra, que, além da beleza estética e realista, traduz e comunica valores e símbolos das culturas, tradições e identidades afro-indígenas”, afirma TC Silva, coordenador da Casa de Cultura Tainã, sobre a importância de acolher a exposição.