O movimento que pede o nome de Teresa Aguiar para batizar o Teatro de Arena do Centro de Convivência Cultural (CCC), em Campinas, ganhou nos últimos dias a adesão de artistas de expressão nacional. Nomes como Laura Cardoso e Ney Latorraca gravaram vídeos para reforçar a campanha. Laura Cardoso é uma das atrizes mais prestigiadas e queridas do teatro e da TV, com atuações de grande repercussão na cena artística nacional.
Ney Latorraca é outro artista de reconhecida competência, com trabalhos premiados no teatro e na TV. Ambos eram amigos de Teresa Aguiar e, em algum momento da carreira, dividiram a cochia e os palcos com ela. A diretora de teatro Teresa Aguiar morreu na último dia 12 de abril. Ela vinha lutando contra um câncer. Teresa teve em Campinas grande influência, com interação decisiva em trabalhos e projetos. Seu legado é incontestável.
Os vídeos aos quais o Hora Campinas teve acesso estão circulando em redes sociais, notadamente, em perfis de representantes da cultura campineira. A atriz e jornalista Delma Medeiros foi uma das que publicaram as gravações.
“Olá, queridos amigos da Prefeitura da minha amada e querida Campinas. Eu gostaria de fazer um pedido da minha alma, do meu coração. Eu gostaria de honrar a diretora, cineasta e incentivadora da arte Teresa Aguiar, dando seu nome ao Centro de Convivência (referindo-se ao Teatro de Arena). Obrigada”, deixou seu recado Laura Cardoso.
“Aqui quem fala é Ney Latorraca, estou aqui para pedir que o Centro de Convivência de Campinas (referindo-se ao Teatro de Arena) tenha o nome de Teresinha Aguiar, Teresa Aguiar, minha diretora, minha grande amiga. Seria uma grande honra para nós todos, para a nossa classe, a classe artística brasileira. Muito obrigado. Viva Teresinha Aguiar!”, pediu Latorraca
Petição
Um abaixo assinado também foi aberto para que o Teatro de Arena do Centro de Convivência Cultural de Campinas receba o nome de Teatro de Arena Teresa Aguiar.
“Contamos com sua assinatura e de seus amigos da classe teatral. Contamos com você que, em algum momento, conviveu com Teresa Aguiar, sendo aluno, amigo, ator e espectador”, diz a petição, disponível para assinatura em https://peticaopublica.com.br/pview.aspx?pi=BR124180.
“Vamos nos unir e levar este abaixo assinado até o prefeito e a secretaria da Cultura de Campinas. Vamos nesta campanha Juntos”, diz o manifesto, assinado pela diretora de Produção Luiza Pasim.
Teresa Aguiar tinha 88 anos, era advogada e mestre em Artes. Segundo testemunho de amigos, estava sob tratamento paliativo. Tomava morfina, mas estava lúcida e ativa até poucos dias antes da morte. O sepultamento ocorreu na quarta-feira (13), no Cemitério da Consolação, em São Paulo.
A Secretaria de Cultura e Turismo de Campinas divulgou nota onde lamenta o falecimento de Teresa Aguiar. “A Secretaria de Cultura e Turismo rende à Teresa Aguiar toda gratidão, admiração e homenagem. Nossas condolências à família e amigos”, disse o comunicado.
Rotunda
Teresa Aguiar nasceu em São Paulo, mas desenvolveu a maior parte da carreira em Campinas, onde fundou o Teatro de Estudantes de Campinas (TEC). Fundou também o “Rotunda”, primeiro grupo de teatro profissional do Interior de São Paulo, e o primeiro curso de teatro no Interior paulista, no Conservatório Carlos Gomes.
Chegou a receber o título de Cidadã Campineira e a Medalha Carlos Gomes em reconhecimento ao seu trabalho. Ela também integrava a Academia Campineira de Letras e Artes, ocupando a cadeira Cacilda Becker.
Em 1984, ao lado de outros artistas, fundou o Teatro de Arte e Ofício (TAO), que funcionava como ponto de cultura dedicado à formação técnica nas áreas do audiovisual e artes cênicas.
Ao longo da carreira teatral Teresa Aguiar dirigiu mais de 40 espetáculos teatrais, mas também atuou em outras áreas. Estreou no cinema como diretora com o longa “Topografia de um Desnudo”, aos 75 anos.
E em 2016, dirigiu ao lado de Ariane Porto, o longa “O Crime da Cabra”, que tem no elenco nomes como Lima Duarte, Laura Cardoso, Arlete Sales, além de elenco local.
O Convivência
O complexo cultural campineiro, que está fechado em reforma, acaba de ter confirmado um aporte de R$ 20 milhões para a realização da segunda etapa das obras de revitalização. A verba foi assegurada pelo governador Rodrigo Garcia (PSDB), em visita à cidade no último dia 18 de abril. A previsão é que a primeira fase, também realizada com investimentos provenientes de um convênio entre o município e o governo do Estado, seja concluída até o final do ano e na sequência tenha início a licitação para a próxima fase do projeto de recuperação.
Esta primeira fase de obras, orçada em R$ 17,8 milhões, inclui a construção de um novo sistema de drenagem, a eliminação de infiltrações, de fissuras e reparos na estrutura de concreto armado.
A etapa também prevê a execução de nova impermeabilização e substituição completa das redes elétrica e hidráulica, além de adequações para acessibilidade e para atender às normas de segurança do Corpo de Bombeiros. Na segunda etapa, serão trocados os equipamentos da área cênica, de iluminação e de acústica do teatro.
Sua estrutura
O Centro de Convivência Cultural de Campinas leva o nome de Carlos Gomes, o nosso maestro. Antes da reforma, tinha área total de 6 mil metros quadrados, sendo 4 mil metros quadrados na área externa, onde fica o Teatro de Arena, com capacidade para 3 mil pessoas.
Na área interna são 2 mil metros quadrados, com saguão, 6 salas (de espetáculo, de ensaio, técnica e administrativa), o teatro que leva o nome de Luís Otávio Burnier, com mais de 500 lugares (homenagem ao ator e diretor de teatro campineiro), 4 galerias, 8 camarins e banheiros.
A obra, inaugurada em 9 de setembro de 1976, foi interditada em dezembro de 2011.
O Centro de Convivência chegou a reabrir parcialmente entre janeiro e fevereiro de 2012 para a Campanha de Popularização do Teatro e, em dezembro de 2014, a Orquestra Sinfônica de Campinas apresentou um concerto no Teatro de Arena após a finalização de testes de resistência que comprovaram a segurança da estrutura.
Com a reforma, o Centro de Convivência terá novos banheiros públicos, novos camarins, espaço destinado ao arquivo de partituras da Orquestra Sinfônica Municipal de Campinas, sala de ensaio para a orquestra e novas salas multiuso.