Circulou na mídia e nas redes sociais o áudio de um homem público que assim se referia às mulheres daquele país. Confesso que me arrependo de ter ouvido e não recomendo que o façam. Senti vontade de esbravejar, xingar, chorar… Superada a emoção, vejo que o melhor é só escrever e compartilhar aqui uma breve reflexão.
Por dever de justiça, num primeiro momento, devemos considerar que o áudio foi enviado para amigos, provavelmente um grupo restrito, onde se fica mais à vontade para falar o que se pensa. De fato, com os que nos são íntimos, não precisamos medir muito as palavras.
Porém, feita essa ressalva, essa consideração nos remete a uma primeira reflexão. Há pessoas que são como que camaleões, que têm uma face para cada ambiente. E esse modo de ser se transpõe, talvez mais acentuado, para os grupos de WhatsApp. E aqui somos um no grupo da família, outro no trabalho, outro com os amigos etc. É claro que cada circunstância da nossa vida exige determinado comportamento.
Mas, se pretendemos ser pessoas verazes, de uma peça só, seremos os mesmos em qualquer ambiente. Mais ainda, agiremos de maneira coerente com os nossos valores e com a nossa consciência em qualquer local e com qualquer pessoa com quem nos relacionamos.
Mas o mesmo áudio mencionado nos remete a outra reflexão: O que é a beleza? Gosto de uma breve definição – um tanto parcial e incompleta, mas que nos ajuda aqui – que afirma que “a beleza é a qualidade do ser que atingiu a sua plenitude”.
Quanto à beleza do ser humano, mulher e homem, estamos um tanto aprisionados a um conceito que a delimita a algumas formas e cores do cabelo, da pele, dos olhos e, mais reducionista ainda, a uma fase bem delimitada e curta da vida.
Acontece que mulheres e homens não se limitam à dimensão corporal. Somos verdadeiramente formados de carne e espírito. E a beleza está em ambas as dimensões, mais ainda, em seu conjunto. E não está restrita a uma fase da vida, pois a cada minuto da nossa existência somos chamados a essa plenitude, cuja expressão de quem a contempla é a beleza.
Nesse sentido, se soubermos olhar com olhos e coração puros, poderemos contemplar a beleza na face enrugada da madre Teresa de Calcutá, numa refugiada ucraniana e num desnutrido ancião africano. São seres humanos genuinamente belos aqueles que souberam alcançar a plenitude a que foram chamados nas circunstâncias em que vivem e na fase da vida em que se encontram.
As belas e pobres refugiadas ucranianas têm uma vida e têm uma história, dignas de ser respeitadas e amadas.
São “fáceis”? Talvez porque o ambiente materialista em que nasceram e foram criadas promove essa postura… Talvez porque os belos jovens que as poderiam amar e com quem poderiam se casar estão morrendo numa guerra fratricida provocada por energúmenos pouco preocupados com a vida das pessoas e do planeta… Não importa. É que a dignidade do ser humano é um bem e um direito irrenunciável.
Sei que muitas mulheres irão ler esse artigo. Mas peço permissão para, a título de conclusão, falar de homem para homem: Se você não sabe olhar para uma mulher nos olhos e, através dele, contemplar uma alma imortal, digna de ser respeitada e amada, você ainda não entendeu o que é a BELEZA, nem descobriu o que significa de verdade ser HOMEM.
Fábio Henrique Prado de Toledo, casado com a Andréa Toledo, pai de 11 filhos e avô de 2 netas. Moderador em cursos de orientação familiar do Instituto Brasileiro da Família – IBF. Especialista em Matrimônio e Educação Familiar pela Universitat Internacional de Catalunya – UIC, é Juiz de Direito. E-mail: [email protected]