Com apoio de 141 dos 181 estados-membros presentes, a assembleia geral da ONU aprovou nesta quarta-feira (2) a resolução que condena a invasão russa da Ucrânia. O Brasil votou favorável. Foram contrários Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Síria e Eritreia. Houve 35 abstenções. A resolução não tem o poder de uma lei, porém funciona como recomendação da ONU e mostra como o mundo enxerga a invasão
O texto “deplora nos mais fortes termos” a agressão russa contra a Ucrânia e exige que a Rússia ponha fim à intervenção militar e retire imediatamente e incondicionalmente as suas tropas do país vizinho.
Em publicação no Twitter, Volodymyr Zelensky, o presidente da Ucrânia, agradeceu aos países favoráveis à resolução e afirmou que eles “escolheram o lado certo da história”.
Durante três, mais de 100 países discursaram no Fórum da Assembleia Geral das Nações Unidas, a grande maioria para condenar as ações chefiadas por Vladimir Putin, presidente da Rússia.

Antônio Guterres, secretário-geral da ONU, disse, pouco após a aprovação da resolução, que a decisão repete uma verdade central, “que o mundo quer o fim do sofrimento na Ucrânia”. Ele falou, ainda, sobre como os países têm se unido para colaborar com a Ucrânia.
Ronaldo Costa Filho, embaixador brasileiro na ONU, insistiu em centrar esforços em favor de um acordo diplomático para colocar fim ao conflito e reforçou que a votação “é um primeiro passo para a paz”.
“A paz exige mais do que o silêncio das armas e a retirada das tropas. O caminho para a paz requer um trabalho abrangente sobre as preocupações de segurança das partes. A resolução não pode ser entendida como algo que permita a aplicação indiscriminada de sanções”, afirmou Costa Filho.
“Não foi a Rússia que iniciou esta guerra. Essas operações militares foram iniciadas pela Ucrânia contra os habitantes de Donbass (a região separatista no leste do país) e contra todos aqueles que não concordavam com ela”, defendeu o embaixador russo Vassily Nebenzia, no fórum internacional em Nova York.
Valentin Rybakov, embaixador de Belarus na ONU, disse que a distribuição descontrolada de armas já levou ao aumento da violência e de roubos na Ucrânia. Ele, que é aliado do presidente russo Vladimir Putin, afirmou que pessoas inocentes estão sendo mortas no país.
“Por que vocês estão silenciosos a esse respeito?”, questionou Rybakov, defendendo que os ucranianos estão matando civis estrangeiros.
Rybakov pediu, ainda, que a Ucrânia abra um corredor humanitário para que pessoas possam sair do país pela fronteira com Belarus. Segundo ele, a fronteira belorussa está aberta. Ele disse, também, que lamenta as mortes e que só as negociações podem resolver o conflito.
Civis atacados na Ucrânia
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfied, afirmou que a guerra foi decisão de um único homem, Putin. E disse que a Rússia está atacando civis e que, enquanto o Conselho de Segurança discutia a paz [na semana passada], Putin começava a guerra.
“A Rússia bombardeou orfanatos, hospitais, jardins de infância, espalhou fome”, disse Linda, que agradeceu aos países que estão recebendo refugiados da Ucrânia.
O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergei Kislitsia, afirmou que o povo ucraniano “luta enquanto é bombardeado”. Ele agradeceu a união e o apoio aos refugiados ucranianos e disse que as tropas russas estão cometendo crimes contra a humanidade, “crimes tão bárbaros que é difícil compreender.”
“Ucranianos estão sendo mortos por mísseis e outros tipos de armas. Nós não provocamos essa escalada de tensão. Crimes internacionais continuam sendo cometidos na Ucrânia. Isso é um erro. A maldade nunca vai parar, vai avançar e avançar. Precisamos evitar que os russos vão adiante”, disse Kislitsia.