O representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os territórios palestinos ocupados, Richard Peeperkorn, falou diretamente de Gaza sobre o início da campanha de vacinação contra a poliomielite e a situação geral de saúde.
A campanha, que começa neste domingo (1º), pretende imunizar mais de 640 mil crianças com menos de 10 anos com a vacina oral contra a poliomielite tipo 2. A iniciativa será realizada em duas fases.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, saudou o compromisso com as pausas humanitárias em áreas específicas e a suspensão das ordens de evacuação para a implementação da campanha. Ele adicionou que “o único remédio duradouro é a paz” e a única maneira de proteger totalmente todas as crianças de Gaza é um cessar-fogo.
Cerca de 1,26 milhão de doses de vacinas já foram entregues em Gaza, juntamente com 500 transportadores de vacinas, e mais 400 mil doses chegarão em breve. Mais de 2 mil trabalhadores de saúde e de conscientização comunitária foram treinados para administrar as vacinas e informar as comunidades sobre a campanha.
Peeperkorn enfatizou que uma cobertura vacinal de pelo menos 90% em cada fase é necessária para conter o surto de poliomielite em Gaza e evitar sua propagação internacional.
Conselho de Segurança
Na última quinta-feira (29), o Conselho de Segurança se reuniu em sessão para debater a situação no Oriente Médio. A chefe interina da divisão humanitária da ONU, Ocha, Joyce Msuya, disse aos embaixadores que os trabalhadores humanitários estão trabalhando “incansavelmente” para impedir a disseminação da pólio no enclave, depois que o primeiro caso em 25 anos foi detectado na semana passada.
O representante da OMS, Mike Ryan, disse ao Conselho de Segurança que a campanha contra a poliomielite precisa “marcar uma mudança significativa” em todo o processo de distribuição de ajuda em Gaza, que deve ocorrer em “escala muito maior, em um ritmo muito mais rápido e sem qualquer impedimento”.
A reunião acontece em meio a escalada da violência dos colonos na Cisjordânia, juntamente com um ataque contra uma equipe do Programa Mundial de Alimentos, PMA, em Gaza, o que levou a agência a suspender suas operações no enclave devastado pela guerra até segunda ordem.
A agência da ONU para Refugiados Palestinos (Unrwa) continua a coordenar com outras agências da ONU para fornecer as vacinas contra a pólio depois que a doença, antes erradicada, reapareceu em Gaza.
Quanto à situação geral de saúde, ele relatou que 17 dos 36 hospitais em Gaza estão parcialmente funcionais, o que é insuficiente para atender às necessidades. Muitos hospitais estão operando com capacidade limitada devido à falta de combustível, escassez de pessoal e danos sofridos ao longo de quase 11 meses de conflito.
Peeperkorn destacou que mais de 1 milhão de casos de infecções respiratórias agudas, 600 mil casos de doenças diarreicas e milhares de casos de outras doenças, como hepatite A, têm sido registrados, todos relacionados às péssimas condições de água e saneamento em Gaza.
Em relação à Cisjordânia, a porta-voz do Escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ravina Shamdasani, expressou profunda preocupação com a situação, que já é catastrófica e pode piorar ainda mais.
Ela destacou a falta de responsabilização por parte de Israel em relação à violência de colonos e das Forças de Defesa de Israel e a necessidade urgente da potência ocupante respeitar o direito internacional e investigar todas as mortes ilegais de maneira independente e imparcial.
(ONU News)