Um dos mais importantes monumentos de Campinas está se desfazendo aos olhos de todos. Enquanto o poder público discute qual a melhor maneira de preservá-lo, o monumento-túmulo do maestro campineiro Carlos Gomes, no Centro, perde a cada dia mais peças, estruturas e, claro, o encanto.
Todas as pilastras que sustentavam as correntes ao redor da estrutura foram retiradas. Todas as peças em bronze que ornavam o túmulo de granito foram furtadas. Uma das últimas peças a serem levadas foi um brasão em bronze, que enfeitava a parte detrás da estrutura, e era possível ser observada por quem passava pela Rua Dr. Thomaz Alves.
Uma grade, com pouco mais de um metro de altura, oferece vulnerabilidade ao cartão-postal.
Há dois anos, em uma entrevista ao Hora Campinas, a diretoria do Departamento de Parques e Jardins informou que estava em estudo fechar o local. Ainda não saiu do papel.
A criação de um grupo para monitoramento e manutenção dos bustos e monumentos dos espaços públicos da cidade foi uma das propostas apresentadas recentemente pelo vereador Paulo Gaspar (Novo). Ele defende uma ação conjunta com diversas secretarias e as forças de segurança visando desde o “monitoramento com câmeras, patrulhamento até a conservação dos mesmos”.
COMO ERA EM 2021
DENÚNCIA NA INTERNET
Neste sábado (23), Gaspar publicou em suas redes sociais uma foto do monumento da Praça Bento Quirino, e informou que tramita na Câmara de Campinas um projeto de sua autoria que prevê aumentar o valor da multa maxima de 800 Ufics (R$ 3.680) atualmente para 2.000 Ufics (R$ 9.200) com a possibilidade de o poder público gratificar quem denunciar e identificar os vândalos.
“Precisamos de leis mais severas para estes infratores”, escreveu.
A arquiteta e urbanista Maria Rita Amoroso também se manifestou na publicação do vereador. “Inacreditável, uma cidade como Campinas ter o túmulo do seu filho mais importante ser vandalizado dessa maneira. Falta educação patrimonial desde a infância principalmente nas escolas. A não identificação com a própria história leva a esse estado de descaso. Campinas conhecida como o berço da cultura, onde está?”.
A ESCULTURA
O monumento de Carlos Gomes – em setembro completa 120 anos – conta com uma representação em tamanho real do maestro, como se ele estivesse regendo uma orquestra, e é composto ainda por uma figura feminina na base da obra. Trata-se da cantora lírica Maria Monteiro, representando a cidade de Campinas.
COMO ERA NO PASSADO
NOTA DO EDITOR
O monumento que simboliza o respeito do campineiro ao seu maior maestro não merecia, pelo menos, uma câmera para a sua proteção? Campinas exalta a sua cultura, mas é notório que a cidade não está conseguindo cuidar de seus patrimônios pela incapacidade do poder público de agir adequadamente e no tempo certo.
O vândalo não tem percepção do valor histórico do patrimônio. Sua sanha criminosa reside em obter lucro com a venda das peças. Ou para sustentar a dependência química ou para sobreviver em seu próprio deserto.
Mas, é possível que sistemas mínimos de vigilância e uma zeladoria cuidadosa do espaço urbano inibam a ação dos desprovidos de cidadania. Campinas merece mais.