Durante sessão do Conselho de Direitos Humanos, focada no conflito na Ucrânia, a alta comissária da ONU, Michelle Bachelet, citou assassinatos de civis, abusos sexuais e desaparecimentos. Também relatou a tragédia de 10 idosos que morreram após serem obrigados pelas forças russas a ficar no porão de uma escola sem água nem ventilação.
Os países-membros ouviram Bachelet, que descreveu uma série de violações verificadas pelo seu escritório, que podem ser classificadas como crimes de guerra.
Em Genebra, Bachelet destacou ser importante lembrar que os números reais de vítimas devem ser bem maiores. Ela explicou que tem sido difícil chegar a áreas de combates intensos, como Mariupol. Apesar dos incidentes por ambos os lados do conflito, Bachelet garante que a maior parte é de responsabilidade das forças armadas da Rússia.
A alta comissária contou que é doloroso “imaginar quantas visitas a mais serão necessárias para documentar apenas uma fração das violações flagrantes de direitos humanos”.
A Missão de Monitoramento na Ucrânia visitou 14 cidades e vilarejos em Kyiv e Chernihiv e ouviu relatos de assassinatos, ferimentos, prisões ou desaparecimentos.

Drama em porão
Bachelet afirma que mais de 1 mil corpos de civis foram recuperados apenas em Kiev – alguns tinham sinais de execuções sumárias.
A chefe de direitos humanos falou da situação desesperadora de 360 residentes de um vilarejo em Chernihiv, incluindo 74 crianças e 5 pessoas com deficiência.
Todos foram obrigados pelas forças russas a passar 28 dias no porão superlotado de uma escola, com pessoas que sequer conseguiam deitar no chão, e sem acesso à água ou ventilação. Dez idosos acabaram morrendo.

No Conselho de Direitos Humanos, Bachelet relatou também vários casos de assassinatos, dezenas de casos abusos sexuais e centenas de desaparecimentos forçados, além da destruição de centenas de escolas, hospitais e de milhares de casas.
A alta comissária afirmou estar especialmente “chocada” com os “horrores inimagináveis sofridos pelos habitantes de Mariupol”, onde é possível que “o total de mortes passe de 1 mil”.
Michelle Bachelet disse ainda que acabar com a violência na Ucrânia é a única maneira de interromper as violações de direitos humanos.