A decisão do prefeito Dário Saadi de voltar a impor medidas mais restritivas para funcionamento de bares e restaurantes a partir de segunda-feira (21) – com fechamento às 19h – causou indignação no setor de bares e restaurantes de Campinas.
Segundo entidade, 52% do faturamento do setor vem do movimento noturno
A Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes de Campinas e Região) informou no começo da noite por meio de uma nota, que está analisando as medidas anunciadas hoje (18) “para tomar as medidas judiciais cabíveis”.
Segundo a entidade, 52% do faturamento do setor vem do movimento noturno e 30% das casas (hamburguerias, pizzarias, lanchonetes e bares, por exemplo) abrem para atendimento após as 18h.
A regional Campinas da Abrasel reagiu às novas restrições e disse que o agravamento da crise sanitária se deveu em parte ao fechamento de leitos promovido pela esfera municipal e estadual.
Na nota, a Abrasel diz que levantamento feito pela entidade nesta sexta-feira (18) aponta o fechamento de 25 leitos de UTIs – 15 do Sistema Único de Saúde municipal e outros dez do Sistema Único de Saúde estadual – desde o dia 7 de abril, pico de internações no auge da segunda onda -, contribuiu para o agravamento da falta de vagas na cidade.
Disse ainda, que atribuir as consequências da crise aos setores econômicos, que trabalham com protocolos de prevenção e distanciamento rígidos, “é tirar a responsabilidade da gestão pública”. “Se estes leitos estivessem ativos, Campinas não estaria no limite, assim como as outras cidades da região”, explica Matheus Mason, presidente regional da entidade.
“Este agravamento na falta de leitos é resultado direto das decisões do executivo, especialmente no tocante a desativação de leitos”, afirma o presidente da Abrasel.
“Os 16 meses de pandemia deveriam servir para o aperfeiçoamento das medidas e ações. Infelizmente, não é isso que estamos vendo, o que deixa o setor perplexo e indignado”, disse Mason.
Comerciantes dizem que já tinham feito estoque para final de semana
Para a entidade, com o limite de horário dos salões às 19h, o setor, que começava a respirar, volta à estaca zero.
Argumenta ainda, que uma medida como a anunciada nesta sexta para entrar em vigor no sábado, provoca enormes prejuízos com perdas de produtos perecíveis comprados para o final de semana.
“Os estoques já haviam sido feitos para o final de semana e não tem como um restaurante ou bar que funciona a noite guardá-los por muitos dias”, explica Mason.
Campanha
A Abrasel em Campinas e Região admite que existem estabelecimentos que funcionam sem as medidas preventivas, prejudicando o setor como um todo. Por isso, na próxima semana promete deflagrar uma campanha publicitária para pedir a proprietários de bares, restaurantes e população respeitem os protocolos de segurança, para que a pandemia seja controlada.
Outro lado
A secretaria estadual de Saúde informou no começo da noite que teria de fazer um levantamento sobre a demanda de leitos na cidade e que isso será possível na segunda-feira, já que os departamentos técnicos da secretaria já estavam fechados.
A Secretaria de Sáude de Campinas, por sua vez, se pronunciou por meio da seguinte nota. Veja a íntegra:
“A Secretaria Municipal de Saúde informa que conta com 163 leitos municipais de UTI Covid. Em janeiro deste ano, eram 74 leitos, um aumento de quase 120%. O número atual é 5% maior do que os 155 que estavam abertos no auge da pandemia no ano passado, entre junho e agosto.
Em 4 de junho, foram abertos 15 leitos de UTI Covid no Hospital Mário Gatti-Amoreiras (antigo Metropolitano). Além disso, foram abertos mais dez leitos de UTI não-Covid no Hospital Ouro Verde.
A Pasta também tem buscado ampliar o número de leitos junto aos seus parceiros.
Importante ressaltar que o aumento de infecção não sobrecarrega apenas a rede pública, mas também a rede privada, que sofre com a escassez de leitos em razão da alta demanda.
A Administração Municipal segue acompanhando diariamente indicadores da pandemia, com o maior equilíbrio possível.
Nesta sexta-feira, 18 de junho, foram reforçadas medidas com foco nos horários e nos exageros das atividades que mais contaminam. A medida não vale apenas para bares e restaurantes e é extensiva a outras serviços. A partir de hoje uma força-tarefa vai reforçar as fiscalizações em toda a cidade. O esforço é para salvar vidas, para ampliar a vacinação e é necessário o envolvimento e compreensão de todos os setores da sociedade”.