Anunciado como concluído pelo então prefeito Jonas Donizette (PSB) no final do ano passado, as obras do BRT só serão efetivamente terminadas no final deste ano, segundo previsão feita pelo prefeito Dário Saadi (Republicanos), em entrevista ao Hora Campinas. O prefeito disse ainda que “se a Justiça liberar”, pretende fazer a licitação do sistema também este ano.
O sistema BRT – que vai ligar o Centro da cidade aos distritos do Campo Grande e Ouro Verde por meio de ônibus articulados, que circularão em corredores exclusivos – vem de sucessivos adiamentos. Muitos dos trechos já concluídos estão sendo usados para a circulação dos ônibus, mas há ainda intervenções importantes a serem feitas, como a construção ou finalização de pontes, viadutos, estações de transferência e terminais de embarque e desembarque.
Projeto original prevê 36,6 km de corredores, com 18 pontes e viadutos, 37 estações de transferência, além de seis terminais.
O secretário de Infraestrutura, Carlos José Barreiro, disse que restam serem construídos este ano dois viadutos, um deles na Avenida Transamazônica, sobre o corredor John Boyd Dunlop. Um segundo elevado vai cruzar a Rodovia dos Bandeirantes, também na Dunlop. Segundo ele, essas duas obras deverão começar “em breve”.
Barreiro garante que o Terminal do Mercado, onde se inicia o trecho Campo Grande, está em fase final de conclusão. “Deverá estar pronto em 30 ou 40 dias”, prevê. Depois disso, garante ele, restarão apenas dois outros terminais para fechar essa frente de trabalho – o do Campos Elíseos e o Terminal Ouro Verde.
Para Barreiro, a pandemia teve um impacto importante no andamento das obras. Lembrou que a indústria se viu obrigada a dar férias coletivas aos trabalhadores e, com isso, reduziu a produção. Como consequência, os estoques de materiais de construção caíram de forma considerável e os preços deram um salto.
“Tivemos aumentos enormes de preços em itens como aço, ferro, cimento, pedra”, alega ele. “Num ano de inflação de 4%, o preço do aço chegou a aumentar em 70%”, reclama. Ele garante, no entanto, que esses reajustes não provocaram readequações nos contratos com as empresas responsáveis pela obra.
“Ainda assim, com todas essas dificuldades, devemos lembrar que essa obra deverá estar concluída em três anos, o que é um recorde no Brasil”, argumenta.
“Esta é a maior obra urbanística nos quase 250 anos da história de Campinas”, diz Barreiro. “Porque não foi apenas a construção de corredores exclusivos de ônibus. Fizemos a requalificação do espaço urbano”, garante.
“Implantamos sistemas de drenagem; fizemos a pavimentação dos corredores e das marginais, refizemos a rede de iluminação pública – e não apenas nos corredores, mas também nas vias laterais. Além disso, mudamos todo o paisagismo do entorno”, conta. “Elevamos o padrão da cidade”, garante.
Licitação
Suspensa pela Justiça desde 2019, a nova licitação para o transporte coletivo em Campinas ainda não tem data para acontecer, segundo o prefeito Dário Saadi. “Se a Justiça liberar, faremos ainda este ano. Mas dependemos da Justiça”, disse Dário. O atual contrato chegou a ser anulado pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-SP) por ter sido considerado irregular.
Além disso, a 2ª Vara da Fazenda Pública suspendeu a licitação feita há quase dois anos, para a realização de mais audiências públicas e consultas populares. À época, a Justiça pediu também que a Administração fornecesse dados mais detalhados sobre itens do edital que tratavam do cálculo de tarifas e o sistema de compensação de receitas.
Novo Sistema
A Emdec diz que a futura concessão do transporte vai criar uma nova rede de transporte. O sistema usará o modelo que os técnicos chamaram de “tronco-alimentado”.
Isso significa que os ônibus que ligam determinada região ao Centro irão transitar pelos corredores, na chamada “ligação troncal”. Os diversos bairros serão ligados aos corredores pelas linhas chamadas de “alimentadoras”.
A cidade será dividida em seis áreas operacionais. Também será criada uma sétima área na região central, chamada de “Área Branca”, que terá somente a circulação de veículos do transporte coletivo movidos por energia limpa (ônibus elétricos). A “Área Branca” terá, aproximadamente, 3 km² e perímetro de 7 km.
Os ônibus do BRT também serão movidos por energia limpa e frota 100% acessível. Na licitação serão exigidos, ainda, conexão Wi-Fi e outros novos recursos de comunicação; carros de maior porte, piso baixo, câmbio automático e motorização silenciosa. Linhas troncais terão veículos com ar-condicionado. A rede 24h deverá ter ao menos 14 linhas.
Estação João Jorge
A nova estação João Jorge, que compõe o Corredor BRT Ouro Verde, será ativada a partir desta segunda (5). É a primeira estação do BRT a entrar em operação na região central da cidade. Localizado entre as ruas Dr. Salles Oliveira e Sete de Setembro, o espaço com área total de 485m² será totalmente acessível, com estrutura metálica, piso tátil em granito, rampas, corrimões e iluminação em LED, além de comunicação visual. A estrutura integra o trecho inicial do BRT Ouro Verde, liberado para circulação em outubro de 2020. Com embarque e desembarque pela faixa esquerda, a nova estação João Jorge beneficiará cerca de 13 mil usuários do transporte público coletivo da cidade.