O Instituto Butantan vai entrar hoje (26) junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) com pedido para iniciar os testes clínicos da Butanvac, a primeira vacina produzida 100% no Brasil. Em coletiva de imprensa realizada nesta manhã na sede do Instituto Butantan, em São Paulo, o presidente da entidade, Dimas Covas, informou que o objetivo é iniciar os testes em abril.
“Vamos iniciar o diálogo com a Anvisa para com celeridade ter a aprovação e em 1 mês e meio, dois meses, realizar os testes e depois começar de fato a produção”, adiantou. O objetivo do Butantan é já em maio ter 40 milhões de doses prontas. “Teremos capacidade para 100 milhões de doses por ano”. Um dos diferencias da Butanvac é que não dependerá de insumos externos. Segundo Covas, será utilizada a mesma tecnologia da vacina da gripe. “É uma vacina segura, da geração 2.0 de vacinas, mais imunogênica, com perfil excelente”, garantiu o presidente do Butantan. Cumprido todo o protocolo técnico, a vacinação com a Butanvac poderia começar ainda em julho, prevê o Butantan.
“É um momento de esperança para todos nós. Dia de uma nova vacina. Viva a ciência nacional”, disse o governador de São Paulo, João Doria. “Fizemos todos os enfrentamentos desde abril do ano passado para colocar a vacina no braço dos brasileiros. E hoje temos a oportunidade de apresentar uma nova vacina. Esperamos poder oferecê-la a partir de julho. A Butanvac é uma resposta aos negacionistas”, afirmou Doria na coletiva.
A iniciativa do novo imunizante faz parte de um consórcio internacional do qual o Instituto Butantan é o principal produtor, responsável por 85% da capacidade total, e tem o compromisso de fornecer essa vacina ao Brasil e aos países de baixa e média renda. A produção-piloto do composto já foi finalizada para aplicação em voluntários humanos durante os testes.
Para a produção da Butanvac o instituto deverá usar tecnologia já disponível em sua fábrica de vacinas contra a gripe, a partir do cultivo de cepas em ovos de galinha, que gera doses de vacinas inativadas, feitas com fragmentos de vírus mortos. “Nós sabemos produzir a Butanvac, temos tecnologia para isso, e sabemos também que vacinas inativadas são eficazes contra a Covid-19. Poder entregar mais vacinas é o que precisamos em um momento tão crítico, explicou Ricardo Palacios, diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan.
A tecnologia da ButanVac, informou o instituto de pesquisa, utiliza um vetor viral que contém a proteína Spike do coronavírus de forma íntegra. O vírus utilizado como vetor nesta vacina é o da Doença de Newcastle, uma infecção que afeta aves. Por esta razão, o vírus se desenvolve bem em ovos embrionados, permitindo eficiência produtiva num processo similar ao utilizado na vacina de influenza. O vírus da doença de Newcastle não causa sintomas em seres humanos, constituindo-se como alternativa muito segura na produção. O vírus é inativado para a formulação da vacina, facilitando sua estabilidade e deixando o imunizante ainda mais seguro.