Cá estamos nós em mais um capítulo, em mais uma reflexão, juntos. Obrigado por não me abandonar nessa jornada em que no final eu não terei resposta alguma para lhe oferecer, a partir da singularidade de cada ser humano como sugeriu Freud, a partir da exclusividade de cada leitor como disse Jung.
Pois bem, título impactante, não acha? Vamos refletir juntos sobre o porque dele.
Ando estudando de modo informal psicanálise, área pela qual tenho tido grande apreço, e basicamente para encurtar o estopim de sua origem foi o caso de uma paciente de um neurologista amigo do Dr. Freud (que também era neurologista). Ela durante um atendimento com este amigo de Freud, sendo interrompida várias vezes por ele quando ia se expressar na consulta, perdeu a paciência e bradou: “- Cale a boca e me deixe falar!
Me ouça!”. O que achou disso tudo? Tire você suas conclusões. O fato é que o tal neuro contou para Freud que achou interessante a ideia de alguém que ouvisse sem interromper a fala, evitando sugestões e usando de provocações. Eis aí, de modo resumido, o nascimento da psicanálise.
Contei tudo isso no parágrafo anterior justamente para termos como base a virtude da escuta, a qualidade de saber ouvir. Quando a fatura da vida chegar em suas mãos e mostrar o número de vezes que você falou sem parar, interrompendo o interlocutor, gritou, julgou versos o número de vezes em que você apenas ouviu sem interromper e sem julgar, a diferença será alta ou enorme?
Ironia à parte, há um dito popular que diz que temos 2 ouvidos e uma só boca justamente para ouvirmos mais e falarmos menos, o que você acha disso? Recorda-se de situações nesse contexto?
Conversei com psicanalistas de renome e eles me disseram basicamente o seguinte: as pessoas buscam alguém que as ouçam sem julgar e não alguém que as interrompa e digam: eu também! Você já passou por isso? Passou por uma situação em que você ia desabafar sobre um problema pessoal ou profissional e a outra pessoa disse “eu também” e até quis rebater com uma situação, no ponto de vista dela, pior do que a sua? E o inverso, quantas vezes conseguiu ouvir de verdade, sem interromper nem julgar?
As pessoas estão cada vez mais ansiosas, depressivas, há quem diga que a psicologia e a psiquiatria serão as profissões do futuro.
O ser humano, em geral, quer tudo pra ontem, tudo gira em torno do imediatismo. Antigamente havia a entrega de cartas para se comunicar com alguém de outra cidade, hoje em dia se a pessoa lê, mas não responde em 1 minuto já é motivo para iniciar uma briga, tirar satisfações…
Quando a fatura da vida chegar o que gostaria que estivesse descrito nela: foi uma pessoa que soube ouvir, atenciosa, neutra ou alguém que, como a maioria, não dá a mínima interrompendo e julgando, sem falar no hábito de competição de problemas; quanto mais problemas eu contar melhor serei visto, ou como vítima, ou como alguém que se supera… Mas se esquecendo de ouvir a pessoa que lhe procurou.
Pense nisso, que tal falar, menos e ouvir mais? Que tal devolver perguntas com outras perguntas ao invés de dar respostas prontas? Agora é com você, lembre-se da fatura, ela vai chegar…
Thiago Pontes é filósofo e neurolinguista (PNL)