Vinícius Lanzoni Gomes, prestes a completar 63 anos, comemora a vaga conquistada no curso de Ciências do Esporte na Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, em Limeira. Bicampeão brasileiro máster de salto em altura e fã de atividade física, Vinícius fará sua terceira graduação. O Censo da Educação Superior mostra o número de estudantes com mais de 40 anos que ingressaram no Ensino Superior no Brasil aumentou 33% entre 2019 e 2021. Eles são 1,2 milhão em todo o país, 13,4% do total de universitários.
A quantidade impressionante de “calouros” maduros contrasta com o cenário de hostilidades, discriminações e etarismo como aquele registrado recentemente em Bauru. Patrícia Linares, de 44, estudante de biomedicina, sofreu discriminação em razão de sua idade. O vídeo em que três estudantes debocharam da idade da colega viralizou nas redes sociais e rendeu solidariedade e apoio a aluna que batalhou para chegar a sua primeira graduação.
Em 2019, antes da pandemia, o Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) registrou 8,6 milhões de matriculados em instituições de educação superior, sendo que 904 mil tinham mais de 40 anos, 10,5% do total. Já em 2021, dos 8,9 milhões de universitários, 1,2 milhão tinham 40 anos ou mais, um aumento de 33%.
“Meu sonho sempre foi cursar algo na área de Educação Física quando me aposentasse, pelo simples prazer de aprender mais a respeito, pois sempre tive uma prática intensa em diferentes esportes. Entrar na Unicamp foi uma vitória pessoal muito grande, que trouxe nesta altura da minha vida uma enorme sensação de dever cumprido”, revela Gomes, servidor público federal.
Morador de Jacareí, interior do estado, o calouro irá fazer uma rotina puxada entre o home office, faculdade, treinos como atleta e cuidados com a família. É casado, tem dois filhos — um médico e outra advogada, ambos formados em universidade pública. Ainda que com tanto esforço, sente-se realizado em poder cursar uma universidade aos 62 anos.
“Quase desisti do curso por conta do investimento financeiro e da logística necessários, mas a ajuda dos professores da FCA está sendo fundamental para prosseguir”, declara.
A ideia do servidor federal é, depois de formado, tentar garantir um espaço no mercado de trabalho por amor à área. Gomes não espera retorno financeiro, mas tem a expectativa de transmitir para crianças, jovens e idosos a importância da atividade física e do esporte para a longevidade com qualidade de vida.
(Com informações da Unicamp e Agência Tatu)











