Por conta do aumento de casos do novo coronavírus, do número de mortes e saturação da rede de saúde, as restrições de circulação em Campinas serão ampliadas com a adoção de barreiras sanitárias nas entradas da cidade a partir desta sexta-feira (26). Os veículos serão parados e quem for de outra cidade será orientado a retornar para seu município de origem. A medida foi tomada como forma de evitar que moradores de São Paulo – que terão um megaferiado de 10 dias- venham para Campinas. O decreto sobre a implantação das barreiras sanitárias será publicado nesta quinta-feira (25). As informações foram fornecidas durante live em rede social.
De acordo com Rafael Saidemberg, assessor da Secretaria de Justiça, o decreto passa a ter validade a partir de sexta-feira. “Vamos fazer essas barreiras com a Guarda Municipal (GM), com a Polícia Militar (PM) e demais órgãos como o Departamento de Vigilância em Saúde (Devisa), nas entradas da cidade e questionar de onde vem e para onde vão. Isso é para evitar deslocamento desnecessário, principalmente, das pessoas da capital, que vão entrar em megaferiado e queiram vir para cá. Serão parados e questionados”, disse.
Segundo Dário, os motoristas serão orientados. “As pessoas que não têm justificativa serão orientadas a voltar para suas residências de origem. Vão ter de justificar o que vieram fazer em Campinas, será questionado o motivo da viagem. Não vamos anunciar antes onde serão as barreiras e nem os horários”, explicou o prefeito, dizendo que as cidades litorâneas e do Circuito das Águas ficaram preocupadas com a possibilidade de que o megaferiado em São Paulo cause grande fluxo de deslocamento.
Saidemberg ressaltou que não se trata de restrição do direito de ir e vir e sim orientação e conscientização da população para que só se desloquem em caso de necessidade. Além das barreiras sanitárias, o decreto também restringe a entrada de apenas uma pessoa por família em supermercados e padarias, proíbe o funcionamento de concessionárias de veículos, permite drive-thru apenas para alimentação, lojas devem funcionar apenas com entrega, as clínicas veterinárias devem funcionar apenas para urgência e emergência, assim como a manutenção predial. As assistências técnicas devem funcionar apenas para equipamentos hospitalares.
O prefeito disse que essas medidas somadas ao toque de restrição das 20h às 5h, implementado no último dia 18, são próximas de um lockdown, mas descartou a medida. “O lockdown foi muito discutido, mas existem dificuldades de tomar essa medida em Campinas. Cerca de 30 mil trabalhadores da saúde dependem do transporte coletivo para chegar ao trabalho. Não teria como fazer uma redução ou suspensão do transporte coletivo que um lockdown demandaria. São cerca de 1.800 atendimentos por dia só de síndrome gripal, sem contar os outros pacientes, e a maioria vai de ônibus. Se tirar, dificulta o acesso à saúde. Isso só na rede pública, sem contar a rede particular”, explicou Dário.
O prefeito ainda disse que um lockdown também atrapalharia o processo de vacinação, que atende cerca de cinco mil pessoas por dia. “Não é questão de gestão, a gente sabe como fazer lockdown e é simples, mas e quem vai atender a população? O profissional do Hospital Ouro Verde que mora no Centro e não tem carro, como vai chegar até lá?”, questionou.
Região Metropolitana
Em reunião virtual nesta quarta-feira (24), o Conselho de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Campinas decidiu pela implantação de barreiras sanitárias em todas as 20 cidades que compõem o bloco. A medida vale também a partir de sexta-feira (26).
Os prefeitos aprovaram ainda a solicitação para que seja criado um Hospital de Campanha Regional e o pedido de liberação de mais recursos para a compra de insumos e medicamentos. “Nesse momento dramático que vivemos, com a explosão dos casos de Covid e com nossas UTIs superlotadas, precisamos reduzir a movimentação das pessoas nas cidades e impedir qualquer tipo de aglomeração”, afirmou Gustavo Reis, prefeito de Jaguariúna e presidente em exercício do conselho.